Dr. Marco Túlio Franco- Médico Reumatologista

Dr. Marco Túlio Franco- Médico Reumatologista DR MARCO TÚLIO FRANCO CRM 994
REUMATOLOGIA e DOR RQE 204
ATENDIMENTO ADULTOS E CRIANÇAS. INSTITUTO DE ORTOPEDIA MACAPÁ +55 (96) 3242-2666 Cel 99105-9263

Promoção da saúde, meio ambiente e desenvolvimento: por que o Amapá precisa aplicar a lei das sacolas plásticasPor Dr. M...
23/11/2025

Promoção da saúde, meio ambiente e desenvolvimento: por que o Amapá precisa aplicar a lei das sacolas plásticas
Por Dr. Marco Túlio Muniz Franco
Reumatologista – CRM-AP 994 | RQE 204
Colunista da Gazeta do Amapá

A promoção da saúde começa muito antes dos hospitais e postos de atendimento. Ela nasce no controle adequado do lixo, na organização urbana, na limpeza das ruas e na capacidade de uma cidade proteger o meio ambiente que a sustenta. Em Macapá — localizada na foz do majestoso Rio Amazonas, o maior sistema hidrográfico do planeta — essa responsabilidade ganha proporções ainda maiores.

A forma como lidamos com os resíduos sólidos, especialmente com o plástico descartável, é determinante para a saúde da população. Sacolas plásticas abandonadas em vias públicas entopem bueiros, criam pontos de acúmulo de água e transformam a cidade em terreno fértil para dengue, chikungunya e outras arboviroses. Além disso, ao alcançarem igarapés e canais, esses resíduos seguem para o Rio Amazonas e para o oceano, afetando diretamente a fauna e a flora — incluindo peixes, quelônios, aves e toda a biodiversidade que sustenta nossa cultura e nossa economia.

Várias capitais brasileiras, e inúmeras cidades na Europa, América do Norte e Japão, já adotaram políticas rígidas para reduzir ou proibir o uso de sacolas plásticas. Essas ações integram uma visão moderna de gestão ambiental urbana, que não é mero embelezamento: é política de saúde pública.

No Amapá, existe legislação aprovada, como a Lei Estadual nº 1.550/2011, posteriormente ajustada pela Lei nº 1.834/2014, determinando a redução e posterior proibição do uso de sacolas plásticas convencionais no comércio. Entretanto, apesar de votada, essa lei não foi regulamentada nem efetivamente aplicada. Continuamos, portanto, expostos ao impacto ambiental e sanitário desse material, que tem tempo de decomposição estimado em mais de 100 anos.

A foz do Amazonas, porém, exige outro tipo de cuidado. Toda a região depende do equilíbrio do rio para gerar vida, garantir pesca, movimentar a economia e preservar a identidade do povo amapaense. Controlar o lixo é proteger saúde. Controlar o plástico é proteger o Amazonas.

Oportunidade histórica: saneamento básico e os recursos da exploração de petróleo na foz

Independentemente do debate moral, técnico ou político, um fato é inegável: a eventual exploração do petróleo na foz do Amazonas tende a gerar grandes receitas ao Estado. Esses recursos podem — e devem — ser direcionados para resolver problemas fundamentais, como:

- tratamento de esgoto,

- abastecimento de água potável,

- urbanização de áreas vulneráveis,

- recuperação de canais e drenagens,

- gestão moderna de resíduos sólidos,

- e projetos de infraestrutura que elevem a qualidade de vida da população.

Se bem utilizados, esses investimentos representarão um avanço concreto na saúde dos amapaenses, reduzindo doenças infecciosas, melhorando indicadores ambientais e fortalecendo nosso desenvolvimento econômico.

Hora de agir: a lei sobre sacolas plásticas precisa sair do papel

Não basta aprovar leis. É preciso implementá-las. As legislações amapaenses que determinam a proibição ou substituição das sacolas plásticas foram criadas justamente para proteger o meio ambiente e a saúde das pessoas — mas, sem regulamentação, permanecem como letra morta.

É hora de colocá-las em vigor.

As prefeituras devem manter e ampliar seus esforços no manejo adequado do lixo, no saneamento básico e na limpeza urbana. Ao mesmo tempo, cabe ao Estado assegurar o cumprimento da legislação que proíbe o uso de sacolas plásticas. A união dessas duas esferas de governo, atuando de forma coordenada, é essencial para proteger o meio ambiente e promover mais saúde para toda a população.

Proibir o uso indiscriminado de sacolas plásticas é uma medida simples, barata e altamente ef**az para reduzir poluição, preservar o Rio Amazonas e promover saúde pública.

Enquanto aguardamos os novos caminhos econômicos que podem surgir com a exploração do petróleo, é indispensável que avancemos no básico: limpeza urbana, educação ambiental e respeito às leis que já existem.

Doença de Chagas e o Açaí no Amapá: o desafio invisível por trás de um alimento tradicionalPor Dr. Marco Túlio Muniz Fra...
16/11/2025

Doença de Chagas e o Açaí no Amapá: o desafio invisível por trás de um alimento tradicional

Por Dr. Marco Túlio Muniz Franco
Reumatologista – CRM-AP 994 | RQE 204

O açaí faz parte da identidade cultural e alimentar do povo amapaense. Está na mesa diariamente, movimenta a economia local e representa a principal cadeia extrativista do Estado. Mas, ao lado de sua importância, existe um risco ainda pouco reconhecido pela população: a possibilidade de transmissão oral da Doença de Chagas por meio da ingestão de açaí contaminado pelo Trypanosoma cruzi, o parasita causador da doença.

Nos últimos anos, o Amapá tem registrado casos confirmados de Doença de Chagas Aguda (DCA), quase sempre associados ao consumo de alimentos contaminados. Entre 2016 e 2021, estudos apontaram mais de 1.900 notif**ações e mais de 200 casos confirmados no estado, concentrados principalmente nos meses de maior produção de açaí. Em 2023, o Amapá foi o segundo estado brasileiro com maior número de casos notif**ados. Entretanto, há importante subnotif**ação, tanto pela dificuldade diagnóstica quanto pela semelhança dos sintomas com dengue, malária e outras infecções comuns da região.



Como ocorre a transmissão através do açaí?

A transmissão oral acontece quando o alimento — no caso, o açaí — é contaminado por fezes do barbeiro infectado ou por outros reservatórios que entram em contato com o fruto durante o transporte, armazenamento, manipulação ou moagem.

O risco aumenta principalmente quando:
• o processamento é artesanal;
• não há cuidados adequados de higiene e temperatura;
• o fruto é triturado sem higienização prévia;
• utensílios e ambientes têm contato com insetos silvestres.



Quadro clínico: Chagas Aguda pela via oral

A forma aguda tende a ser mais intensa e grave quando adquirida pela ingestão do parasita. Os sintomas surgem entre 5 e 20 dias após o consumo de alimento contaminado.

Manifestações gerais
• Febre prolongada e diária
• Mal-estar intenso
• Dor de cabeça
• Cansaço excessivo
• Inchaço no rosto e nas pernas
• Aumento do fígado e do baço
• Náuseas e perda de apetite

Manifestações cardíacas (frequentes e potencialmente graves)
A via oral costuma trazer maior quantidade de parasitas, aumentando o risco de danos ao coração —
como:
• inflamação cardíaca (miocardite);
• líquido ao redor do coração (derrame pericárdico);
• batimentos irregulares;
• insuficiência cardíaca;
• dor no peito.

É justamente nesse ponto que o reumatologista pode participar do diagnóstico. Febre prolongada, inflamação e alterações cardíacas também ocorrem em doenças autoimunes, como lúpus. Por isso, o reumatologista muitas vezes integra a investigação de febre de origem desconhecida acompanhada de sintomas cardíacos.



Exames mais utilizados

Na fase aguda, podem ocorrer:
• aumento de enzimas do fígado;
• alteração dos glóbulos brancos;
• exames de inflamação elevados;
• exames que indicam agressão ao músculo cardíaco alterados.

A confirmação geralmente ocorre pela visualização direta do parasita ao microscópio, de forma semelhante ao exame de gota espessa da malária.
Te**es específicos que detectam o material genético do parasita também podem ser usados.
Na fase crônica, utilizam-se principalmente exames de sangue para identif**ar anticorpos.



Tratamento e equipes envolvidas

O manejo deve ser integrado entre atenção básica, serviços de urgência e especialistas.

Médico da Atenção Primária à Saúde (APS)

É a principal porta de entrada para o diagnóstico precoce.
Compete ao profissional:
• suspeitar da doença em casos de febre prolongada, mal-estar, inchaço ou sintomas cardíacos recentes;
• solicitar exames básicos como hemograma, inflamação e função hepática;
• solicitar exame do coração quando necessário;
• notif**ar imediatamente casos suspeitos;
• encaminhar ao infectologista ou cardiologista frente a sinais de gravidade;
• iniciar o tratamento com benzonidazol quando o diagnóstico estiver confirmado e não houver acesso rápido ao especialista, realidade comum em áreas remotas do Amapá.

Serviços de Emergência e Pronto Atendimento

Essenciais para identif**ar casos graves.
O médico deve:
• suspeitar de Doença de Chagas em casos de insuficiência cardíaca ou arritmia de início recente sem causa aparente;
• investigar febre prolongada quando dengue e malária forem descartadas;
• realizar estabilização clínica, exames básicos e coleta para parasitologia;
• avaliar necessidade de internação.

Infectologista
• confirma o diagnóstico;
• prescreve e acompanha o uso do benzonidazol;
• monitora efeitos adversos e gravidade clínica.

Cardiologista

Fundamental em praticamente todos os casos agudos.
• avalia a função do coração;
• trata arritmias, inflamação cardíaca e insuficiência cardíaca;
• indica marcapasso quando necessário;
• acompanha o paciente no longo prazo.

Outras especialidades

Em casos crônicos avançados — raros no Amapá:
• megaesôfago → gastroenterologista
• megacólon → coloproctologista



Como reduzir o risco de contaminação pelo açaí?

A segurança depende de toda a cadeia produtiva: batedores, produtores, vigilância sanitária e consumidores.

Boas práticas na produção e venda
• Lavar o fruto antes da moagem
• Evitar contato com insetos durante armazenamento
• Manter utensílios e peneiras higienizados
• Evitar presença de vetores em casas de farinha e batedeiras
• Aplicar o choque térmico recomendado pela Embrapa (80 °C por 10 segundos)
• Comprar açaí de locais fiscalizados e certif**ados

Para melhorar a notif**ação dos casos
• Ampliar a divulgação para profissionais de saúde e população
• Realizar palestras e capacitações regionais
• Treinar equipes para reconhecer a forma aguda
• Estimular testagem em casos suspeitos, inclusive na fase crônica
• Criar protocolo estadual para investigação de surtos
• Integrar vigilância, hospitais e laboratórios
• Realizar campanhas durante a safra



Conclusão

A Doença de Chagas transmitida pela ingestão de açaí é um desafio silencioso, porém real, para a saúde pública do Amapá. Reconhecer precocemente seus sinais, fortalecer a vigilância sanitária e garantir boas práticas de preparo são medidas essenciais para proteger a população — sem comprometer a tradição e a importância econômica do nosso açaí.

A prevenção começa com informação, higiene e compromisso com a qualidade.

Quando a pele fala: os sinais do lúpus que o corpo revelaPor Dr. Marco Túlio Muniz FrancoReumatologista – CRM-AP 994 | R...
03/11/2025

Quando a pele fala: os sinais do lúpus que o corpo revela

Por Dr. Marco Túlio Muniz Franco
Reumatologista – CRM-AP 994 | RQE 204



Viver sob o sol do Amapá é um privilégio — mas também um desafio à saúde da pele. Nosso Estado está exatamente sobre a linha do Equador, região onde a radiação ultravioleta (UV) incide com maior intensidade durante todo o ano. Essa exposição solar constante, especialmente nos meses da estiagem (de agosto a novembro), quando o céu f**a limpo e o calor se intensif**a, pode causar lesões cutâneas e servir como gatilho para doenças autoimunes, como o lúpus.

Nos consultórios e hospitais do Amapá, é justamente nesse período de sol forte que cresce o número de pacientes com doença ativa. Vemos um aumento de internações por descompensação sistêmica, sobretudo por nefrite lúpica — inflamação nos rins provocada pelo lúpus —, e alguns casos chegam a exigir hemodiálise. O mesmo sol que alegra o dia pode, para quem tem lúpus, ser o inimigo invisível que reacende a inflamação do corpo.

A pele como espelho da doença
O lúpus é uma doença autoimune que pode se manifestar de várias formas — e, em muitos casos, é a pele quem dá o primeiro alerta. Manchas avermelhadas, sensibilidade exagerada ao sol e feridas no couro cabeludo ou no rosto são sinais de um desequilíbrio do sistema imunológico, que passa a atacar o próprio organismo.

Segundo estudo publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia (2023), cerca de 8 em cada 10 pessoas com lúpus sistêmico apresentam algum tipo de lesão cutânea durante a vida. Em até um quarto dos casos, essas alterações na pele são a primeira manifestação da doença, reforçando a importância do diagnóstico precoce.

Manchas que falam
As formas de lúpus que afetam a pele são diversas. A mais conhecida é a mancha avermelhada em forma de “borboleta”, que aparece sobre o nariz e as bochechas — o lúpus cutâneo agudo, geralmente ligado à fase mais ativa da doença sistêmica.

Há também o lúpus cutâneo subagudo, que provoca placas avermelhadas ou descamativas nas áreas expostas ao sol — pescoço, ombros e braços. Muitas vezes se confunde com alergias ou psoríase e pode ser desencadeado por medicamentos comuns, como alguns anti-hipertensivos e antifúngicos.

Já o lúpus cutâneo crônico, mais duradouro, costuma deixar cicatrizes e áreas sem cabelo. As feridas espessas e dolorosas no rosto, couro cabeludo e orelhas não são apenas marcas físicas — trazem impacto emocional e social profundo, especialmente em pacientes jovens.

Causas e gatilhos
O lúpus não é contagioso nem tem uma única causa. Ele resulta de uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. No Amapá, o sol intenso e a radiação UV estão entre os principais desencadeadores das crises. Esses raios estimulam a liberação de substâncias inflamatórias na pele que podem ativar o sistema imunológico e causar tanto as lesões cutâneas quanto reações internas, atingindo órgãos como rins, pulmões e coração.

Outros fatores — como infecções, uso de certos medicamentos e o tabagismo — também podem agravar a doença. Mulheres jovens e de meia-idade continuam sendo as mais afetadas, mas o lúpus pode aparecer em qualquer faixa etária.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica detalhada, exames laboratoriais e, muitas vezes, biópsia da pele. Identif**ar o tipo de lesão é essencial, já que cada forma de lúpus cutâneo tem comportamento e tratamento diferentes.

O manejo envolve fotoproteção rigorosa, medicações específ**as (como antimaláricos e imunomoduladores) e, em casos mais graves, tratamentos imunossupressores. O acompanhamento conjunto entre dermatologista e reumatologista é o caminho mais seguro para evitar complicações e preservar a qualidade de vida.

Cuidar da pele é cuidar do corpo todo
Mais do que um problema estético, as lesões do lúpus são mensagens biológicas de que algo no sistema imunológico está em alerta. Identif**ar essas mudanças e procurar atendimento médico logo no início pode evitar danos permanentes.

No nosso clima equatorial, a prevenção começa com atitudes simples: uso diário de protetor solar, chapéu, óculos escuros e roupas leves de manga longa — medidas que protegem não apenas a pele, mas também o organismo inteiro.

O sol do Amapá é belo, mas exige respeito. Quando a pele fala, o corpo pede atenção — e ouvir esses sinais é um gesto de cuidado e amor à própria vida.

Recebi hoje este diploma em comemoração aos 80 anos do Conselho Federal de Medicina. De imediato, recordei meus cinco an...
16/10/2025

Recebi hoje este diploma em comemoração aos 80 anos do Conselho Federal de Medicina. De imediato, recordei meus cinco anos de atuação como conselheiro federal pelo Amapá — um período de intenso aprendizado, especialmente na esfera judicante dos processos éticos. Tive o privilégio de conviver e aprender com colegas de diversos estados do Brasil, todos detentores de profundo conhecimento das leis e resoluções que regem a medicina brasileira.

No Tribunal de Ética do Conselho, procurei ser um bom aluno, julgando sempre de acordo com minha consciência, com base no Código de Ética Médica e nas leis nacionais. O bom senso foi, sem dúvida, meu guia constante.

Ao segurar este diploma, olhei para dentro de mim, e um verdadeiro “filme” passou na minha tela mental. Lembrei que a vocação e o desejo de ser médico nasceram aos seis anos de idade, após adoecer de uma mazela comum entre as crianças do interior do Brasil.

Nasci em Foz do Iguaçu (PR), mas vivi a infância entre o interior de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais — sempre um sonhador. Em 1986, fui atendido por um médico jovem e atencioso em uma pequena cidade do Mato Grosso. Pensei comigo mesmo: “Quando eu crescer, quero ser igual ao Dr. Altino.”

O destino foi generoso, ainda que, por vezes, desafiador. Após me formar, atuei como médico no Rio de Janeiro, passando por emergências como o Hospital do Andaraí, o Hospital Getúlio Vargas e o SAMU-RJ. Tive ainda a honra de servir no Hospital Central do Exército. Os anos voaram: salvei muitas vidas e perdi outras. Em alguns atendimentos, sobrava expertise; em outros, faltava experiência — e foi assim que aprendi.

Foi no Rio que me tornei reumatologista, graças ao Serviço de Reumatologia do Hospital Gaffrée e Guinle, da UNIRIO. E, mais uma vez, o destino me trouxe de volta à Amazônia. Estou no Amapá há 17 anos. Nos primeiros anos, além da reumatologia, atuei como plantonista em pronto-atendimento, em diversas UTIs e como médico clínico em hospitais públicos e privados. Acertei muitas vezes, errei algumas, mas nunca por omissão ou descuido.

Há cerca de oito anos, dedico-me exclusivamente à arte da reumatologia — uma especialidade de desafios e de histórias humanas profundas. A maioria das doenças que tratamos não tem cura. Carrego comigo a dor crônica das senhoras com artrose de joelho e suas histórias de vida, e o drama das jovens com lúpus que, mesmo com todos os cuidados, muitas vezes acabam dependentes de hemodiálise.

Não existe o melhor ou o pior médico. O que realmente importa é ser, para o paciente, alguém em quem ele possa confiar — um verdadeiro cúmplice na jornada contra a doença.
Quando não tenho todas as respostas, deixo claro que posso recorrer ao auxílio de colegas reumatologistas de grande expertise, para juntos conduzirmos o melhor caminho de tratamento.
O médico que realmente se importa com o seu paciente precisa reconhecer seus próprios limites e ter a humildade de buscar ajuda sempre que necessário.

Este diploma, portanto, não é apenas um reconhecimento pela minha passagem pelo CFM ou pelo CRM-AP, nem tampouco um certif**ado de bom médico. Ele representa, acima de tudo, um tributo aos meus pacientes — que enfrentam com coragem as mais diversas limitações físicas e psíquicas — e uma lembrança viva dos sonhos de infância e dos colegas com quem aprendi a arte da medicina.

Hoje, agradeço a Deus por ter tornado tudo isso possível. Peço a Ele inteligência, sabedoria e disposição para continuar aprendendo, para que, até o fim da vida, eu possa oferecer aos meus pacientes o alívio e o conforto que tanto merecem.

Cirurgia plástica e procedimentos estéticos em doenças reumáticas autoimunes: o que já sabemos — e o que ainda precisamo...
12/10/2025

Cirurgia plástica e procedimentos estéticos em doenças reumáticas autoimunes: o que já sabemos — e o que ainda precisamos estudar

Cirurgias e procedimentos estéticos estão cada vez mais comuns e acessíveis. Mas, quando falamos de pacientes com doenças autoimunes — como lúpus, artrite reumatoide, esclerose sistêmica e Síndrome de Sjögren — o tema exige cuidados especiais.
Nesses casos, cada decisão deve ser individualizada, com avaliação conjunta entre o reumatologista, o dermatologista e, quando necessário, o cirurgião plástico. A seguir, um guia prático para quem vive com essas condições e pensa em realizar algum procedimento estético.

CIRURGIAS ELETIVAS: PLANEJAR É TÃO IMPORTANTE QUANTO OPERAR
Pacientes com doenças autoimunes, em razão da própria condição ou do uso de medicamentos, podem ter maior risco de infecção ou dificuldade de cicatrização.
As diretrizes mais recentes orientam, em geral, manter os medicamentos convencionais (como o metotrexato) e interromper temporariamente os biológicos (como o adalimumabe) por um ciclo antes da cirurgia, retomando após boa cicatrização — sempre com avaliação médica individual.

Quando adiar?
Se a doença estiver “ativa” (como no lúpus cutâneo com lesões, artrite inflamada ou vasculite), ou se o paciente estiver em uso recente de pulsoterapia ou altas doses de corticoide, o ideal é aguardar. Controlar a doença, ajustar a medicação e, quando necessário, suplementar vitamina D e ferro, além de manter o controle adequado da glicemia e dos níveis de colesterol antes do procedimento, reduz signif**ativamente o risco de complicações.

IMPLANTES DE SILICONE EM LÚPUS E COLAGENOSES
As dúvidas mais comuns são:
1) Implantes pioram doenças autoimunes pré-existentes?
2) Eles podem causar novas doenças autoimunes?
A resposta ainda não é definitiva. A literatura médica mostra alguns relatos de sintomas sistêmicos e distúrbios autoimunes em portadoras de implantes, mas sem comprovação de relação direta com o lúpus.
Em condições como Síndrome de Sjögren, artrite reumatoide e esclerodermia, alguns estudos apontam associações estatísticas, mas a maioria das pessoas com implantes não apresenta qualquer problema imunológico.

Um ponto confirmado é a existência do linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes mamários (BIA-ALCL) — um câncer raro, geralmente ligado a implantes texturizados. O FDA (agência americana equivalente à Anvisa) mantém alertas e recomenda discussão aberta dos riscos e acompanhamento clínico regular.

Na prática:
O ideal é que o procedimento seja feito com a doença em remissão, em equipe experiente e com seguimento periódico. Casos isolados de sintomas sistêmicos após o implante (“breast implant illness”) foram descritos, e alguns melhoraram após a retirada, mas não existe exame específico para confirmar essa relação — a avaliação é sempre clínica.

PREENCHEDORES, BIOESTIMULADORES E BOTOX®
Os tratamentos injetáveis estão entre os mais procurados para rejuvenescimento e harmonização facial. Em pacientes com doenças autoimunes, o uso é possível — mas requer atenção a detalhes técnicos e ao momento clínico de cada pessoa.

- Ácido hialurônico (AH): é o preenchedor com melhor perfil de segurança. Em pacientes com doenças autoimunes controladas, os estudos mostram uso geralmente seguro. Pode haver reabsorção mais rápida, exigindo retoques, mas reações inflamatórias são raras e tratáveis.
- Bioestimuladores (como poli-L-lático, hidroxiapatita de cálcio e PDLLA): estimulam a produção de colágeno e, em alguns casos, podem causar pequenos nódulos ou granulomas. O risco é maior se a doença estiver ativa. Devem ser evitados durante fases inflamatórias e aplicados apenas por profissionais com experiência, usando técnicas e doses conservadoras.
- Toxina botulínica (Botox®): tem excelente perfil de segurança em pacientes com lúpus, artrite reumatoide e outras colagenoses, desde que a doença esteja estável. Como atua bloqueando a contração muscular e não estimula resposta imunológica, seu risco de causar reações sistêmicas é mínimo.
Em alguns casos, inclusive, o Botox é usado com finalidade terapêutica, por exemplo, para espasmos musculares ou dores miofasciais — situações relativamente comuns em pacientes reumáticos. Ainda assim, o procedimento deve ser realizado por profissional habilitado e com materiais de procedência certif**ada, evitando produtos de origem duvidosa.

Dicas práticas:
O melhor momento para o procedimento é durante a remissão da doença. É importante também avaliar possíveis infecções de pele ou dentes, usar materiais aprovados e garantir técnica estéril e plano de ação para eventuais reações.

DEPILAÇÃO A LASER E LÚPUS
A fotossensibilidade (sensibilidade exagerada à luz) é uma característica do lúpus, o que exige cuidado com lasers e fontes de energia luminosa.
Esses procedimentos devem ser realizados apenas quando a doença estiver controlada, com proteção solar rigorosa, te**es prévios em áreas pequenas e equipamentos médicos adequados.
Estudos recentes com laser de alexandrita mostraram segurança em pequenas séries de pacientes, mas as evidências ainda são limitadas. Já os lasers ablativos, como o de CO₂, costumam ser evitados em casos de lúpus cutâneo crônico por risco de reativação.

A Academia Americana de Dermatologia reforça medidas simples, como fotoproteção diária e controle dos gatilhos de luz, antes de qualquer procedimento estético desse tipo.

E NA ARTRITE REUMATOIDE E NA ESCLEROSE SISTÊMICA?
- Artrite reumatoide: é preciso atenção à imunossupressão e à saúde bucal, já que infecções dentárias silenciosas podem aumentar riscos cirúrgicos. As mesmas recomendações sobre medicações se aplicam.
- Esclerose sistêmica: a pele espessada e os vasos mais frágeis tornam a cicatrização mais delicada. Em procedimentos estéticos, recomenda-se técnica leve, volumes pequenos e avaliação de benefícios funcionais, como o uso de ácido hialurônico em casos de microstomia (boca endurecida), que pode melhorar o conforto e a qualidade de vida.

O QUE CONVERSAR COM SUA EQUIPE MÉDICA
1) Certifique-se de que a doença está em remissão clínica e laboratorial.
2) Peça ao médico para revisar o plano medicamentoso antes e depois do procedimento.
3) Escolha materiais e técnicas seguras.
4) Realize o procedimento em local habilitado e com equipe preparada.
5) Faça acompanhamento regular nas semanas seguintes.

MENSAGEM FINAL
Cirurgias plásticas e procedimentos estéticos podem ser seguros e satisfatórios para pessoas com lúpus, artrite reumatoide, esclerose sistêmica e Síndrome de Sjögren — desde que a doença esteja controlada e que a decisão seja bem avaliada entre paciente e equipe médica.
Alguns temas, como os efeitos sistêmicos dos implantes e o comportamento dos bioestimuladores, ainda estão sendo estudados, mas o diálogo com o reumatologista é essencial para avaliar riscos e benefícios de forma individualizada.
Essa parceria é a melhor forma de garantir resultados bonitos, seguros e responsáveis.

Dr. Marco Túlio Muniz Franco
Reumatologista – CRM‑AP 994 | RQE 204
Coordenador da Comissão de Ética Médica da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Conselheiro Titular do CRM‑AP | Membro da Câmara Técnica de Reumatologia do Conselho Federal de Medicina

Reumatismos de Partes Moles: quando a dor não vem das articulaçõesPor Dr. Marco Túlio Muniz Franco – Reumatologista, CRM...
05/10/2025

Reumatismos de Partes Moles: quando a dor não vem das articulações
Por Dr. Marco Túlio Muniz Franco – Reumatologista, CRM-AP 994 | RQE 204



A dor que vai além das articulações
Muita gente acredita que o reumatologista cuida apenas de doenças das articulações, como a artrite ou a artrose. Mas existe um grupo de condições bastante comuns chamadas de reumatismos de partes moles, que afetam tendões, bursas, ligamentos e músculos. Essas estruturas também sofrem com inflamações, sobrecargas ou pequenas lesões, causando dor e limitação no dia a dia.

Ombros: bursite e tendinites
O ombro é uma das regiões mais acometidas. A bursite do ombro é uma inflamação da bursa, pequena bolsa que protege os movimentos da articulação. Já as tendinites, principalmente do tendão do supraespinal, surgem por esforços repetitivos ou desgaste natural. O resultado é dor ao levantar o braço ou até dificuldade para dormir de lado.

Quadril: dor que irradia e atrapalha o sono
No quadril, a dor pode vir da bursite trocantérica, que causa sensibilidade na lateral da coxa. Essa dor muitas vezes irradia pela lateral da coxa e da perna, sendo confundida com dor de coluna. Em muitos casos, atrapalha o sono, pois deitar de lado intensif**a o incômodo. Também podem ocorrer a bursite isquiática, na região dos glúteos, e a peritendinite, inflamação nos tendões ao redor da articulação.

Joelho: além da cartilagem
Quando se fala em dor no joelho, a primeira lembrança costuma ser a artrose. Porém, síndromes dolorosas de partes moles também são frequentes. A bursite pré-patelar (na frente do joelho) é um exemplo clássico, geralmente causada por sobrecarga ou traumas repetidos. Outro problema muito comum é a tendinite da pata de ganso, que afeta a inserção de três tendões localizados na face interna do joelho: sartório, grácil e semitendíneo. Esses tendões se unem e se fixam próximos, formando um desenho semelhante ao de uma 'pata de ganso', daí o nome curioso da condição. A inflamação dessa região causa dor na parte interna do joelho, que piora ao subir escadas, agachar ou levantar-se de cadeiras baixas. Muitas vezes, é confundida com artrose ou lesões de menisco, mas o reumatologista consegue diferenciar corretamente.

Cotovelos e punhos: esforço e sobrecarga
Os cotovelos sofrem com inflamações nos pontos de inserção dos tendões: a epicondilite lateral (conhecida como 'cotovelo do tenista') e a epicondilite medial ('cotovelo do golfista'). Outra condição frequente é a bursite olecraniana, que afeta a região posterior do cotovelo e pode causar inchaço e dor local. Suas principais causas incluem traumas repetitivos (como apoiar muito o cotovelo em superfícies duras), gota, infecções e artrite reumatoide. Já nos punhos, é comum a tendinite de De Quervain, que causa dor ao movimentar o polegar e pode até impedir a força para segurar objetos.

Pés: sustentação dolorosa
O pé, responsável por sustentar todo o corpo, também é alvo frequente. A fascite plantar provoca dor forte no calcanhar, principalmente ao dar os primeiros passos pela manhã. Associada a ela, pode aparecer o esporão de calcâneo. Outras condições incluem tendinites nos pés e tornozelos, inflamações na canela por sobrecarga e o neuroma de Morton, que gera dor e queimação entre os dedos.

Quando procurar o reumatologista?
Nem toda dor vem de uma artrose ou de doenças autoimunes. Muitas vezes, são os reumatismos de partes moles que limitam atividades simples como caminhar, levantar os braços ou praticar exercícios. O diagnóstico precoce feito pelo reumatologista permite iniciar tratamento adequado.

Tratamento: foco em aliviar a dor e recuperar movimentos
O diagnóstico correto realizado pelo reumatologista é o primeiro passo para o tratamento efetivo. Na maioria dos casos, não é necessário cirurgia. O tratamento costuma envolver medicamentos orais para reduzir dor e inflamação, e em algumas situações são realizadas infiltrações em pontos dolorosos específicos. Além disso, a fisioterapia tem papel fundamental, ajudando a fortalecer e alongar a musculatura, prevenir novas crises e devolver qualidade de vida.

Endereço

Macapá, AP

Horário de Funcionamento

Segunda-feira 08:00 - 18:00
Terça-feira 08:00 - 18:00
Quarta-feira 08:00 - 18:00
Quinta-feira 08:00 - 18:00
Sexta-feira 08:00 - 18:00

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