08/03/2020
8 de março é uma data onde precisamos, enquanto mulheres, rememorar sua primazia e juntar forças para firmar nossas vozes e nos (re)enlaçar na história de luta e resistência, em defesa da continuidade de nossas vidas e do avanço de direitos.
Quando Clarissa traz alguns apontamentos históricos, em seu livro “Mulheres que correm com os lobos”, me chama atenção que estes não estejam tão distantes ou tão superados quanto gostaríamos. Ainda nos negam instrumentos e espaços, com a diferença que agora já os tomamos em vez de implorá-los, ainda estamos desbravando cotidianamente, espaços para fazermo-nos ouvidas.
Refletir sobre o dia internacional da mulher é considerar sua importância histórica e social.
“women are the longest revolution” -
Essa expressão nos ajuda a compreender como é longínquo o fim dessa luta, bem como, nos convoca a refletir sobre os processos subjetivos e objetivos em construções de narrativas cotidianas que criam e colaboram com a manutenção de estruturas que não favorecem a vida das mulheres em seus mais amplos sentidos.
Somos muitas, plurais e diversas, isso nos põe diante de questões transversais do nosso cotidiano e das narrativas a respeito do ser mulher. Precisamos estar unidas, atentas e constantes nos questionamentos e reflexões acerca de como nos posicionamos em sociedade e como somos posicionadas, com quais interesses e a despeito do quê e/ou de quem?
Como mulher e profissional da saúde reflito a partir disso:
Pensar a saúde das mulheres hoje, é se indagar sobre o contexto sócio-político-cultural em que vivemos e como o produto dessa história é o adoecimento;
Pensar a saúde das mulheres é estar em luta e atenta às questões de raça, etnia, gênero, sexualidade, luta de classes e entre outras;
Pensar a saúde das mulheres, é pensar sobre o anticoncepcional e como seus efeitos “não colaterais” a que sujeitam nossos corpos, são tomados como comuns e aceitáveis;
Pensar a saúde das mulheres, é lembrar da importância da luta antimanicomial, e de como as mulheres eram as “loucas” da história, como nos mostra Daniela Arbex em seu livro “O Holocausto Brasileiro”.
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