06/12/2025
Quando olho para essa balança vejo mais do que os pesos desenhados. Eu vejo o drama cotidiano de muitos de nós, especialmente trabalhadores, o operacional, que vive nesse descompasso entre o pouco que recebe de reconhecimento e o muito que se cobra para sobreviver, no mundo que insiste em medir nosso valor pela régua da produtividade.
Audrey Lorde, em Sister Outsider, já avisava que o autocuidado é um ato político, mas numa sociedade que nos extrai até o sorriso, descansar vira quase um ato de rebeldia. E não relaxar nunca corrói a alma, nos empurra para um lugar onde a felicidade vira intervalo, não estrutura.Mas viver não é sobreviver em estado de alerta.
Cuidar da saúde mental é um gesto íntimo, sim, mas também é um gesto político. É dizer não à lógica que lucra com nossa fadiga. É reivindicar o direito de sentir, errar, descansar, recomeçar.
Que a gente possa criar espaços onde a felicidade não seja intervalo, mas estrutura. Onde a pausa não seja culpa, mas direito. Onde o amor-próprio deixe de ser discurso e vire prática diária.