27/11/2025
Verdade. Não ouvir bem pode, sim, aumentar o risco de demência, incluindo o Alzheimer.
A prevalência de perda auditiva entre pessoas com demência é altíssima. Um estudo da JAMA Network Open (Nieman et al., 2024) mostrou que quase 80% dos pacientes com demência apresentam algum grau de perda auditiva — número que chega a 94% acima dos 85 anos. Mesmo assim, apenas 1 em cada 5 usa aparelho auditivo. Os autores reforçam que tratar a audição é uma oportunidade real de melhorar a comunicação, o comportamento e a qualidade de vida, além de desacelerar o declínio cognitivo nessa população.
Já a maior coorte dinamarquesa publicada até hoje, conduzida por Cantuaria et al. (JAMA Otolaryngology–Head & Neck Surgery, 2024), mostrou algo ainda mais claro: perder audição aumenta o risco de demência, mas quem usa aparelho auditivo reduz signif**ativamente esse risco. Ou seja, tratar a perda auditiva não é só sobre ouvir melhor. É sobre proteger o cérebro, manter a interação social e preservar a cognição ao longo dos anos.
Isso acontece porque o cérebro precisa se esforçar muito mais para entender o que está sendo dito, sobrecarregando áreas ligadas à memória, atenção e linguagem. Sem falar no impacto social: ouvir mal afasta a gente das conversas, e o isolamento acelera o declínio cognitivo.
Se você sente cansaço após interações sociais, tem dificuldade para entender em ambientes barulhentos, vive aumentando o volume da TV ou precisa pedir para repetirem o que foi dito… vale investigar.
Se for detectada uma perda auditiva, aparelhos auditivos bem ajustados ajudam o cérebro a receber os sons com mais clareza, sem esforço extra. E, em perdas mais severas, o implante coclear pode reconectar o cérebro aos sons, devolvendo qualidade de vida e estimulando áreas cognitivas que estavam sendo pouco usadas.