Canto da Escuta - Clínica de Psicologia

Canto da Escuta - Clínica de Psicologia Psicóloga Mariana C. R. Cardoso (CRP 08/34146 - UEM)
Psicólogo Raul Lima Suckhi Jr. (CRP 08/31638

Na clínica, há pacientes que, por diversas razões, nos tocam em lugares específicos. A identificação ou mesmo um reflexo...
24/06/2025

Na clínica, há pacientes que, por diversas razões, nos tocam em lugares específicos. A identificação ou mesmo um reflexo de algo que também habita em nós, podem fazer com que o vínculo se fortaleça e se intensifique. Isso, por si só, não é um problema — pelo contrário, é parte do que sustenta o trabalho vivo da análise. Mas é também aí que se tornam mais desafiadoras as situações em que esse laço é tensionado.

Lembro-me da primeira vez em que, em uma sessão, uma paciente trouxe para o atendimento algo que eu disse e que a atravessou de maneira diferente. Ela nomeou, com clareza e coragem, a sua experiência frente a isso. E foi justamente nesse gesto que se revelou a força do nosso processo: ela não rompeu, não se afastou — ela falou.

Na psicanálise, a transferência não é apenas um fenômeno técnico a ser observado; ela é a matéria viva da relação analítica. E quando o paciente se permite trazer algo que o “magoa”, ele está, na verdade, confiando que esse espaço pode sustentar não só o acolhimento, mas também o conflito. Essa confiança é um dos pilares do processo. E mais: é nesse território, entre o afeto e a fratura, que se abrem possibilidades potentes de elaboração.

Como analista, isso também nos atravessa. Ao trazer isso para análise, ela me convocou a escutar não apenas o que foi dito, mas o modo como foi escutado, sentido e ressignificado por ela. Também me colocou diante de mim mesma — das minhas intenções, das minhas falhas possíveis, da minha humanidade. E é aqui que a contratransferência não é um obstáculo, mas um instrumento: ela me permite refletir sobre como me posiciono diante dessa paciente, e como o meu desejo — legítimo, mas nem sempre neutro — participa desse campo.

A clínica nos ensina, com o tempo, que o vínculo não se quebra quando o afeto é questionado — ele se fortalece quando pode sobreviver ao embate. Não houve quebra; houve escuta. Houve elaboração. Houve sustento.

Porque sustentar a análise é sustentar a relação real e simbólica que se constrói ali, com todas as suas camadas. E isso, mais do que técnica, é laço.

Conquistar estabilidade profissional, realizar sonhos materiais, estar em um relacionamento saudável — tudo isso pode pa...
14/05/2025

Conquistar estabilidade profissional, realizar sonhos materiais, estar em um relacionamento saudável — tudo isso pode parecer, do ponto de vista social, o roteiro ideal da vida adulta. No entanto, mesmo quando tudo “está no lugar”, ainda podemos nos sentir exaustos, sem tempo, tomados por uma angústia silenciosa.

Na escuta clínica, a psicanálise nos ensina que o sintoma não surge apenas da dor visível, do caos ou do sofrimento evidente. Ele também pode emergir no silêncio das conquistas, quando o sujeito se vê capturado por ideais e exigências que, muitas vezes, são mais do Outro do que dele mesmo.

Sentir-se angustiado mesmo em meio às vitórias não é sinal de ingratidão ou fraqueza. É, muitas vezes, um indício de que o desejo está pedindo passagem — e de que talvez seja hora de perguntar: o que, de tudo isso que conquistei, diz verdadeiramente de mim?

Fazer análise é, entre outras coisas, aprender a sustentar essas perguntas sem se apressar em respondê-las. É abrir espaço para o vazio necessário, onde o sujeito possa, enfim, existir para além do que faz, conquista ou produz.

Canto da Escuta - Psicologia e Psicanálise

Ao entrar na recepção da clínica, os olhos logo encontram Amendoeira em Flor, de Van Gogh. Suas delicadas flores brancas...
27/02/2025

Ao entrar na recepção da clínica, os olhos logo encontram Amendoeira em Flor, de Van Gogh. Suas delicadas flores brancas e rosadas contrastam com o azul vibrante do céu, criando uma imagem que fala de renascimento, transformação e esperança.

Van Gogh pintou essa obra como um presente para seu sobrinho recém-nascido, uma celebração da chegada de uma nova vida. E não é exatamente disso que se trata a psicanálise? O florescer de novas possibilidades, o acolhimento de mudanças, o despertar para um novo olhar sobre si mesmo?

Aqui, assim como naquela amendoeira que rompe o inverno para anunciar a primavera, cada pessoa que entra traz consigo um potencial de renovação. O processo pode ser silencioso, como o desabrochar de uma flor, ou intenso, como o azul profundo que envolve os galhos na pintura. Mas, em qualquer caso, há sempre a possibilidade de um recomeço.

Que esta recepção, marcada pela presença desse quadro, seja um convite à transformação. Que cada pessoa que passa por aqui possa, pouco a pouco, encontrar seu próprio caminho de florescimento.

📍Canto da Escuta - Psicologia e Psicanálise

Endereço

Avenida Paraná, 503, Sala 3
Maringá, PR
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