10/02/2019
MANICõMIOS, NUNCA MAIS ...
A Luta Antimanicomial, o processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira, sempre foi marcada por avanços e retrocessos em função das Políticas Públicas vigentes, quanto mais conservadoras mais obstaculizam os avanços, ou pior, reafirmam a violência pela exclusão da sociedade.
Por isto, é preciso manter um debate constante entre os diferentes atores sociais nela implicados: usuários dos serviços públicos, familiares, profissionais e políticos.
Participando como profissional de saúde do processo de reestruturação dos Seviços de Saúde Mental ao longo de mais de 20 anos de profissão, como psicóloga e professora,
formadora de outros profissionais, participei desta luta e vivi as grandes preocupações e decepções.
Mas também vivi as conquistas que hoje se concretizam numa rede complexa de serviços substitutivos de Saúde Mental, a RAPS.
Pelo visto, estamos de volta ao estado de alerta e corremos o risco de retornar ao período das trevas. Conforme esclarece a matéria do médico psiquiatra da Infância e Adolescência Ricardo Lugon Arantes onde analisa a situação política atual, de forma contundente e preocupante.
"Uma Nota Técnica publicada no início desta semana marcou a manifestação explicita de que o atual governo vai produzir estragos duradouros sobre algo que foi construído ao longo de quase 30 anos: uma politica de Saúde Mental orientada para enfrentar os manicômios.
Os serviços de Saúde Mental, no seio da politica publica, passam a ser considerados como substitutivos aos manicômios. A Nota Técnica, de maneira direta e incisiva, violenta e sepulta esta conquista, ao afirmar que 'não considera mais serviços como sendo substitutos de outros',
reafirmando o hospital psiquiátrico como lugar privilegiado no tratamento e redirecionando o financiamento para as instituições asilares.
Vemos ao longo de todo o documento que a Psiquiatria ganha primazia em detrimento dos outros campos de saber que se ocupam das experiências de cuidar e incluir na sociedade a loucura e o sofrimento psíquico.
Voltaremos a décadas atrás, onde a política oficial era silenciar e enclausurar a loucura, produzindo bolsões de excluídos confinados em manicômios".
Diante disto, se faz urgente conclamar para a defesa da Rede de Serviços Substitutivos os principais beneficiários,
usuários dos serviços e familiares, pois que são testemunhas vivas de um passado de horrores e de um presente humanizado e eficiente em seus objetivos de cuidar e garantir qualidade de vida. Confira a matéria na íntegra:
Nota técnica do Ministério da Saúde por fim a 20 anos de luta contra o sistema de manicômios no Brasil. O retrocesso está gerando revolta dos profissionais da saúde mental.