09/11/2025
MINHAS REFLEXÕES
A Bíblia: Código Ético ou Manual de Sobrevivência Emocional?
Desde que o primeiro homem olhou para o céu em busca de respostas, a Bíblia tem sido um farol que divide opiniões.
* Jótha Marthyns
Para alguns, é um código moral inabalável, fonte de ética, justiça e amor ao próximo. Para outros, trata-se de um manual de autoajuda ancestral, onde cada versículo é um convite à introspecção e ao equilíbrio interior. Entre essas duas visões, está o ser humano — criatura em constante conflito entre o espiritual e o comportamental.
O texto bíblico, ao longo dos séculos, foi moldado por traduções, culturas e interesses. No entanto, permanece pulsando no íntimo humano, oferecendo princípios que orientam desde a convivência social até o autodomínio.
Quando Jesus sintetiza toda a lei no mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, ele lança não apenas uma diretriz ética, mas um exercício psicológico profundo. Amar o outro exige antes compreender-se, perdoar-se, e esse é um desafio de autoajuda em sua essência.
A Bíblia, portanto, transita entre o ético e o comportamental. Ao narrar histórias de queda e redenção, de dor e perdão, ela toca dimensões humanas que nenhum manual moderno de comportamento consegue igualar.
Seus personagens erram, sofrem, se arrependem e recomeçam. Não são santos idealizados, mas seres humanos em processo — espelho de quem busca sentido em meio ao caos da existência.
Na contemporaneidade, onde proliferam “gurus” do bem-estar e receitas rápidas de felicidade, a Bíblia continua atual, não por pregar o medo, mas por lembrar que a vida é travessia, e o aprendizado moral é inseparável da evolução emocional. A ética que ela propõe não é apenas social, mas interna — uma moral que nasce da consciência, não da imposição.
Conclui-se, então, que a Bíblia é ambas as coisas: um código de ética humana e um manual de autoajuda comportamental, porque ética sem autoconhecimento é hipocrisia, e autoajuda sem princípios é vazio. Seu poder está na síntese — ensina o homem a lidar com o outro e, antes disso, com o próprio abismo interior.
Talvez o maior milagre das Escrituras seja este: em cada geração, falar de novo ao coração humano, adaptando-se sem perder o essencial — a busca por um sentido que una fé, razão e humanidade.
* Jótha Marthyns, 8.1., é jornalista, editor do Jornal A Tribuna, radialista, publicitário, criador de conteúdos digitais, noming rigths, palestrante, escritor, bacharel em Direito, Pós graduado em Direitos Humanos.