14/09/2020
Cheguei no hospital e meu trabalho de parto parou. Cheguei com dez de dilatação, era só nascer. Inclusive, dentro do carro mesmo eu já estava sentindo um pouco da vontade de fazer força. Mas, de repente, parou. As enfermeiras me fizeram um questionário enorme, a televisão estava ligada, o ar condicionado muito frio, me obrigaram a sentar em uma cadeira de rodas para ir até o consultório, o obstetra mal olhava na minha cara, e meu companheiro e doula tiveram de sair para vestirem roupas cirúrgicas 🤷♀️ Eu poderia fazer um post inteiro sobre esses "incômodos" que aconteceram no meu parto. E foram eles, que já na gestação eu tinha medo que acontecessem, que atrapalharam o meu processo. Eu demorei entender o que havia acontecido para que minha filha não nascesse após 24h em trabalho de parto e dilatação total. Demorou um pouco para eu entender que meu lado racional do cérebro fora ativado, que eu senti medo e meu corpo liberou hormônios que vão contrários aos efeitos da ocitocina (responsável pelas contrações), e eu não permiti que ela nascesse naquele ambiente. Desde a gravidez eu sabia do que eu mais tinha medo, eu sabia que todas essas questões poderiam me atrapalhar, eu não gostava nada do ambiente hospitalar, e eu poderia ter trabalhado todo esse emocional. Mas eu ainda não sabia da grandiosidade do parto, eu ainda subestimava o parto como portal do nascimento, do renascimento, um processo de dor e cura. Porque tudo o que eu precisava estava em mim e, quando pisei em um ambiente hospitalar, a minha confiança e segurança sobre o meu próprio corpo se foram. Eu aprendi a me ouvir mais e acreditar em mim, nos meus processos, e isso hoje fortalece o meu maternar. Eu precisei passar por um processo doloroso de renascimento para entender mas, desde a gravidez eu sabia dos meus medos, só não olhei para eles como deveria. Eu tinha coisas a resolver antes do parto.
E o que precisa ser trabalhado aí, você já sabe?