12/11/2021
Existe um inimigo que pode estar mais próximo do que você imagina e impactar sua vida de diversas formas, ele é desconhecido da maioria das pessoas inclusive alguns profissionais de saúde porém, é mais frequente do que se imagina. Sendo chamado por alguns estudiosos de “epidemia silenciosa”. Estou falando da síndrome Fúngica. É uma condição extremamente prevalente em consultório, porém mais facilmente diagnosticado em mulheres devido a candidíase de repetição. Não encontrei dados na literatura que corroborem que a síndrome acometa mais mulheres que homens, uma vez que como veremos a seguir a lista de sinais e sintomas é muito extensa.
Os sinais e sintomas são principalmente neurológicos e cutâneos, e podem se confundir com várias outras condições, de forma que vale a pena ficar atento, e realizar uma vasta pesquisa médica antes de chegar ao diagnóstico. Os sintomas mais comuns são: cansaço frequente, fadiga crônica, hipoglicemia, dores de cabeça, neblina mental, cognição prejudicada, infecções de repetição inclusive candidíase, bolinhas nos braços e costas, rosáceas, dermatites principalmente no rosto, enxaqueca, irritabilidade, alterações de humor e queda de cabelo.
Existe nos nossos intestinos uma população imensa de microrganismos que facilmente ultrapassa 50 trilhões de unidades. Essa população é reconhecida atualmente como um órgão virtual, a microbiota, e é composta de diversas espécies de bactérias, vírus e fungos. Num organismo saudável essas populações coexistem sem nos causar danos, uma vez que os microrganismos benéficos predominam, e regulam a taxa de crescimento uns dos outros, de forma semelhante ao controle biológico de pragas nos ecossistemas.
Assim como no meio ambiente no nosso microbioma intestinal também prevalece a seleção natural. Quando apenas as bactérias patogênicas encontram alimento e a protetora não, o exército de bactérias maléficas é fortalecido e o número de microrganismos benéficos diminui. É o que acontece, por exemplo quando você se entope de alimentos ricos em açúcares, carboidratos refinados, conservantes e aditivos, já que microbiota benéfica se alimenta principalmente de fibras alimentares, presente em hortifrutis, raízes e cereais integrais. Ou seja, excesso de açúcares e ultraprocessados cria condições para que as bactérias maléficas sobrepujem a microbiota protetora, a qual é perdida e eliminada via fezes, abrindo espaço para adesão de novos inquilinos intestinais. Esse espaço será ocupado principalmente por fungos, pois eles são conhecidos por serem extremamente adaptáveis e pouco exigentes sobrevivendo e proliferando com facilidade. E assim você acaba de criar um verdadeiro motim no seu microbioma, essa situação de desequilíbrio é conhecida como disbiose, e pode ser fúngica, bacteriana ou viral. Da mesma forma que o excesso de açúcar, o excesso de estresse, antibióticos, corticoides e inibidores de bomba de prótons pode agir selecionando a microbiota patogênica tanto bacteriana quanto fúngica.
E ai você pode perguntar: Nutri e pra que serve essa microbiota protetora mesmo? Preciso mesmo dela?
E a resposta é: “muito mais do que você imagina”. Essa microbiota composta principalmente de lactobacillus e bifidobacterium regula uma infinidade de processos que estão relacionados com a melhora da resistência insulina, aumento do gasto energético corporal, redução do colesterol, produção de vitaminas extremamente importantes como K e B12, prevenção de alguns tipos de canceres, inibição da microbiota patogênica, metabolização correta do triptofano gerando serotonina( neurotransmissor do bem-estar e precursor da melatonina) e não ácido quinulinico, extremamente tóxico ao sistema nervoso, dentre diversas outras funções.
A maioria dos sintomas manifestados na síndrome fúngica são decorrentes das micotoxinas produzidas em excesso por essa população aumentada de fungos no nosso intestino. Elas viajam via nervo vago e agem diretamente no cérebro prejudicando a memória e processos cognitivos, podendo causar neblina mental e sensação de fadiga crônica muito confundida pelos pacientes com “preguiça” ou anemia; Como se não fosse o bastante esses inquilinos sabotadores conseguem manipular nosso metabolismo para que tenhamos vontade de comer doces para alimentá-los e garantir a sobrevivência deles. Alguns alimentos ricos em arabinose como beterraba e maçã sofrem ação de enzimas fúngicas, as quais convertem essa substância em acetaldeído e ácido tartárico, ambos hipoglicemiantes (reduzem o açúcar no sangue) . Esse processo é responsável pela tontura, mal estar e vontade incessante por doces que alguns pacientes relatam. O acetaldeído é o mesmo metabólito oriundo da metabolização do álcool, responsável pela sensação de ressaca, e por isso alguns pacientes relatam se sentir como se estivessem ressacados após ingesta de comidas com açúcar.
Até o diagnóstico conclusivo, a maioria dos pacientes tem um longo histórico de visitas médicas pois muitos médicos apenas tratam sintomas, e outros até desconhecem essa condição, porém não adianta apenas exterminar o excesso de fungos se as condições que propiciaram esse super crescimento permanecem, é a mesma coisa que enxugar gelo rsrsrs. A verdadeira causa, a desestabilização do seu microbioma interno e a supressão da imunidade permanecem. De forma que o tratamento médico deve ser acompanhado de uma terapia nutricional com baixa ingesta de açúcares e refinados de todo tipo, alimentação e bioativos antifúngicos e ao mesmo tempo imunomoduladores, uma vez que a destruição de grande quantidade de fungos pode sobrecarregar a corrente sanguínea com toxinas e desencadear um mal estar agudo, essa condição geralmente necessita da administração do carvão vegetal ativado para adsorver e eliminar as toxinas pelas fezes. Para que o paciente tenha menos intercorrências é fundamental que haja uma modulação do pool vitamínico, mineral, probiótico e da integridade da sua mucosa intestinal prévia a essa fase de destruição fúngica.
Para um melhor prognóstico é fundamental que você busque um médico e um nutricionista atualizado pois essa condição requer a retirada de alimentos específicos, devendo-se atentar para que o paciente não entre em desnutrição, uma vez que esses pacientes necessariamente são imunossuprimidos devido a constante ação das micotoxinas na corrente sanguínea.
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