19/01/2019
Por Ana Suy
"Criação com apego", um dos possíveis nomes para o supereu contemporâneo.
Afinal de contas, a amamentação PRECISA ser boa pra mãe e pro bebê, mas você TEM que amamentar em livre demanda até mais ou menos o ensino médio ou, quem sabe, o terceiro ano da faculdade. Uma mãe PRECISA cuidar de si, da sua vida profissional e sexual, mas TEM que fazer cama compartilhada (que horror deixar um bebê em seu próprio quarto, sua monstra!) e ficar em casa com a criança até PELO MENOS os dois anos de idade dela. Porém, de jeito nenhum deve parar de trabalhar, credo. Além disso, NENHUMA criança merece ir pra creche antes dos cinco anos e MUITO MENOS ser cuidada pela avó. O bebê PRECISA se expressar, mas é URGENTE calá-lo COM O PEITO assim que ele resmungar qualquer coisa, COITADINHO. A gente PRECISA incentivar a AUTONOMIA do bebê e da mãe, mas deuzolivre QUALQUER tipo de bico artificial. Além do mais, defende-se que não existe instinto materno, que a maternidade é construída a partir de cada história, mas você TEM QUE SEGUIR seu instinto materno (???) e grudar no seu bebê (não é assim que os animais fazem?!) - quanto mais melhor pra vocês dois. E a maternidade é assim, é difícil mesmo, as mulheres que se unam pela DEVASTAÇÃO e façam coro se queixando e prorrogando o puerpério e emendando com o próximo (afinal de contas, TEM QUE ter irmãozinho, judiação) ad infinitum - mas poxa, sua louca, vai mesmo querer ter mais um?!
(Respira)
Freud e Lacan nunca foram tão necessários. É a sexualidade feminina que põe um rolo de pedra na boca do crocodilo, que é o desejo da mãe. Uma mulher é não-toda mãe, para a sorte e salvação de seu bebê. Criação com apego, SIM, porque não há criação possível sem apego. Mas pelamordedeus, menos exigências, queridas. Não sejamos fiscais e policiais de maternidade umas das outras. De supereu já basta o próprio.