12/10/2025
Oi, Taís.
Venho aqui falar com você beeeem mais de 30 anos depois dessa foto.
Hoje, você alcançou muitas coisas que talvez nem imaginasse.
Mas eu não quero falar sobre as suas conquistas materiais.
Quero falar sobre o quanto hoje eu estou conseguindo curar você.
Eu achei seus diários — aqueles que você escrevia desde os sete anos — e redescobri o quanto você já se questionava sobre o mundo e, principalmente, sobre si mesma.
Sobre tudo aquilo que não entendia.
Sobre como as pessoas funcionavam.
Sobre como você funcionava.
E sobre a dor que vinha junto.
Quantas vezes você escreveu: “Por que eu sou assim?”
Hoje, aos 36 anos, você finalmente sabe.
Hoje, você sabe que aqueles questionamentos sobre como seus as outras crianças conseguiam fazer certas coisas de determinadas maneiras, como parecia fácil pra elas estar entre outras crianças, ou não serem consideradas "sensíveis e dramáticas demais" existiam porque você é autista.
Hoje, você sabe que o motivo de querer fazer um milhão de atividades ao mesmo tempo — e de sentir que sua mente nunca silencia — é porque você tem TDAH.
Essa criatividade que parece não ter fim, mas que às vezes te exaure, existe porque, junto desses perfis, você tem altas habilidades — especialmente acadêmicas.
Porque o seu emocional e o seu social sempre ficaram um pouco defasados.
Mas está tudo bem.
A gente está te curando, Taís.
Eu prometo pra você que as coisas vão ficar bem.
E hoje, com o conhecimento que o seu trabalho te trouxe, você pode olhar pra essa criança com mais amor, compreensão e gentileza. Mais do que ter diagnóstico, você está aprendendo a se dar o afeto e respeito que talvez nunca tenha conseguido. Tanta autocobrança, pequena.
Pode acolher tudo o que ela viveu, sentiu e sofreu — e também celebrar tudo o que foi incrível.
Então, muito obrigada, Taís.
Obrigada por todos os passos que você deu até chegar aqui. 🌷