31/08/2021
Habilidades de planejar e o uso da criatividade
No processo musicoterapêutico trabalhamos com experiências de composição. Entre os principais objetivos estão desenvolver habilidades de planejamento e organização, habilidades para solucionar problemas de forma criativa e habilidades de documentar e comunicar experiências internas.
Uma das atividades que realizo com pacientes dentro da experiência da composição, requer em primeiro lugar que eles organizem em sequência três ou quatro imagens que compõem uma história. Nesse momento, estamos organizando e construindo uma percepção do início, do meio e do fim. Em um segundo momento, passamos a dar nome aos personagens e a construir um texto para essa história. Anas, Joaquins e Martins vão surgindo. Na sequência pegamos um papel repleto de quadradinhos aguardando para serem pintados. De frente ao teclado, pergunto a eles por qual cor vamos começar? - cada nota possui uma cor no teclado. Surgem então amarelos, verdes e rosas. Nesse momento, passamos a descobrir que uma palavra pode ocupar mais de um quadradinho. As sílabas vão surgindo de formas coloridas. A mágica se dá quando então escutamos a construção criativa que fomos fazendo. Não esquecendo que sempre de novo há espaço para o “esse amarelo não ficou bom aqui! Vamos colocar um verde?” E voltamos a escutar a nossa composição.
Muitos de vocês já devem ter escutado que música é matemática. Sim, quando pensamos em quantas figuras de tempo posso inserir em um compasso de quatro tempos, de três..., mas música também é português, é movimento/corpo, é uma construção coletiva.
Em uma pequena atividade como a ilustrada acima, podemos dar inúmeras variações. Nesse processo a criança também aprende a olhar para a sua criação e dizer gostei ou não gostei, vamos arrumar aqui. Aprender a valorizar o que é construído.
O aprendizado em nossas vidas é constante já disseram inúmeros escritores e teóricos. Mas diria que vivemos em um momento onde desaprender velhos hábitos e reaprender novos caminhos é o que mais nos é exigido. Nosso cérebro agradece sempre de novo esses desafios. Que possamos sempre de novo reaprender e ressignificar com nossos pacientes, com nosso trabalho, em nossas convivências.