03/12/2025
Nem todo mundo viveu um “bem-vindo, dezembro, e tudo bem!
No dia 1º de dezembro, enquanto eu via uma enxurrada de posts celebrando a chegada do último mês do ano, mensagens de gratidão, conquistas, despedidas bonitas de novembro, eu também vivi um dos dias mais desafiadores com meus pacientes.
Chegaram mensagens, áudios, sessões carregadas de frustração. Muitos deles se sentiram profundamente impactados por esse contraste entre o que viam nas redes sociais e o que sentiam internamente. Comparações automáticas, dolorosas, inevitáveis.
Porque, para essas pessoas, o ano não foi leve. Não houve tantas “conquistas pra postar”. Houve lutas silenciosas, perdas, desafios, cansaço. E diante de uma vitrine de felicidade alheia, é difícil conseguir enxergar o próprio caminho com gentileza.
E eu entendo.
O final do ano amplifica tudo.
Amplifica metas não cumpridas.
Amplifica a sensação de que “deveria ter sido diferente”.
Amplifica a autocobrança, a comparação e a sensação de insuficiência.
E por isso, nas sessões, trabalhamos muito sobre a comparação nas redes sociais e sobre como olhar para tudo isso sem se perder de si. Porque não é realista pedir que ninguém mais veja postagens; elas vão aparecer. Mas é possível aprender a olhar de outro jeito.
Então, hoje eu quero deixar registrado, para meus pacientes e para quem mais precisar ler isso:
As redes sociais não definem quem você é.
O calendário não define quem você é.
O mês não define quem você é.
Dezembro é uma data.
A virada é um número.
O ano é um ciclo, não uma sentença.
Se você não bateu metas, isso não diz nada sobre quem você é como pessoa.
Se o outro conquistou algo e você não, isso diz sobre a história dele, não sobre a sua.
Cada um tem seu cenário, suas possibilidades, seus limites, seus recursos, suas dores e seus ritmos.
Comparar dois caminhos que nunca começaram do mesmo lugar é cruel, e quase sempre injusto com você.
Seu ano é seu.
Seu processo é seu.
Suas batalhas, suas pequenas vitórias, suas pausas, seus retornos… tudo isso é profundamente individual.
A comparação só fortalece a frustração.
O acolhimento, por outro lado, fortalece o real.
🤍