19/01/2014
Os Cinco Estágios da Dor da Morte
A médica suíça, Dra. Elisabeth Kubler-Ross, após acompanhar vários pacientes com doença terminal descreveu, em 1962, no seu livro On Death and Dying, (na morte e no morrer) cinco estágios ou fases emocionais que as pessoas passam, ao descobrirem-se com uma doença, que inexoravelmente os levara a morte.
Este complexo emocional ficou conhecido como Modelo Kubler-Ross para o luto. Estes estágios acontecem sempre que alguém passa por um momento de grande estresse emocional, seja desemprego, falência, perspectiva de prisão, divorcio, morte de um familiar ou no caso de ter que enfrentar a própria morte, em uma doença terminal como, por exemplo, o câncer.
Sempre que alguém tem uma grande perda emocional, qualquer que seja, passará por estes estágios, senão todos, pelo menos pela maioria dos seguintes sentimentos: Negação, Raiva, Barganha, Depressão e Aceitação.
Negação: Ao receber o primeiro impacto de uma noticia muito ruim a reação inicial é a negação. Negação e isolamento. Nós simplesmente não acreditamos que tal fato é verdadeiro. A frase “difícil de acreditar” define bem este estado d’alma. A intensidade desta fase é variável. Nunca muito curta, podendo ir de algumas semanas a meses, na dependência de como a própria pessoa e os que estão ao seu redor conseguem manejar a situação difícil. A negação de uma doença, um câncer, por exemplo, pode atrasar o tratamento até o ponto sem retorno, para além do qual nenhum tratamento será ef**az.
Raiva: A medida que a realidade impõem a sua crueza dolorosa, não é mais possível segurar a negação. Os fatos superam a capacidade da mente negar sua existência. A raiva, então, vai surgindo nos rastros da retirada de negação. Junto com a raiva surgem também a inveja, a revolta, e o ressentimento. Inveja daqueles que tem saúde e juventude, inveja dos que estão “de bem” com a vida. Pensamentos do tipo: porque eu, se existem tantas pessoas ruins neste mundo? Os relacionamentos tornam-se problemáticos e todo o ambiente é afetado pela hostilidade daquele que vai morrer.
Barganha: Tendo ultrapassado a negação, pela impossibilidade de manter este estado mental e, percebendo que a raiva não resolveu a sua situação, o indivíduo passa a realizar negociações mentais, em geral mantidas em segredo e, na maioria das vezes, a barganha é com deus. Como dificilmente alguém tem algo a oferecer a deus em troca do beneficio solicitado, queira-se ou não, a barganha assume características de súplicas. A pessoa implora que deus aceite sua oferta em troca de uma vida dedicada a igreja, a caridade, etc. No fundo a barganha é uma tentativa de adiamento do inevitável. Nesta etapa o paciente mantém-se sereno, reflexivo e dócil. Não se pode barganhar com deus ao mesmo tempo hostilizar as pessoas ao seu redor.
Depressão: A depressão surge quando o indivíduo toma consciência da sua condição. Quando já não mais consegue negar sua impotência frente á realidade. Seja qualquer uma delas: doença incurável, morte de um familiar, ou falência. Evidentemente, trata-se de uma atitude evolutiva. Nada funcionou: a negação foi atropelada pela realidade, a raiva pouco adiantou, a barganha não surgiu efeito. Um sentimento de grande perda invade a alma. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe sua realidade nua e crua. A vida como ela é. Sem mascaras ou mentiras piedosas. É a consciência plena de que nascemos e morremos sozinhos. Aqui a depressão assume um quadro clínico mais típico e característico; desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc.
Aceitação: Nesse estágio o indivíduo já não experimenta o desespero e nem nega sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da longa viagem.É claro que interessa,à medicina, melhorar a qualidade da morte e da dor da perda,(como sempre tentou fazer em relação à qualidade da vida). Deseja-se que o paciente alcance esse estágio de aceitação em paz, com dignidade e bem estar emocional. Assim ocorrendo, o processo do dor, do luto ou até a morte, se for o caso, poderá ser experimentado em clima de serenidade por parte do indivíduo e, pelo lado dos que f**am, de conforto, compreensão e colaboração para com o paciente.