28/03/2021
🔹Infelizmente ainda existem muitos mitos relacionados à saúde mental, e escutamos frases como "depressão é coisa de rico" ou o oposto "isso é frescura, ele tem tudo". Além de preconceituosas, tais alegações são falsas, escancaram o tamanho da nossa ignorância em relação à saúde mental e evidenciam como podemos ser cruéis, pois se diminuo a dor do outro é porque falta empatia e não o reconheço como um igual – gerando certo senso de superioridade.
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🔹A premissa que relaciona a vida financeira da pessoa com seu estado mental, tanto positivamente quanto negativamente, é inverídica. Doenças mentais se desenvolvem em todas as camadas sociais, desde mansões até casinhas de "pau a pique". A grande falha nessa associação é não levar em consideração os aspectos internos de cada um. É a riqueza de dentro que conta, e não a de fora.
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🔹Aqui mais um cuidado, chamo os recursos internos de riqueza apenas para fazer alusão ao sistema capitalista no qual vivemos e facilitar a compreensão. O que realmente quero dizer é que são nossos recursos internos que nos ajudam a enfrentar os desafios do dia a dia: como lidamos com as frustrações e as emoções; a capacidade de sonhar e ser criativo; como nos conectamos com quem está ao nosso redor; etc. Trazendo mais uma vez a imagem da casa, são seus alicerces, e não sua beleza ou luxo, que determinaram sua capacidade de aguentar furacões e tempestades.⠀
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🔹Acredito que um dos grandes medos do ser humano seja o de enlouquecer, mas ao invés de reconhecer que esse medo existe, é mais fácil negá-lo e ainda menosprezar quem adoece. Frases como "isso é falta de louça pra lavar" deixam implícita a crueldade ao sugerir que alguém com doença mental é um desocupado, descompromissado. Sente-se pena porque não se sente empatia. Não me coloco no lugar do outro porque tenho medo de ocupar aquele lugar e não conseguir sair. O medo pode evocar a crueldade como defesa, ainda que inconscientemente.⠀