28/11/2025
Nasci mulher
Escolhi viver mulher
Vou morrer mulher
Quando nasci mulher, me ensinaram a me "comportar" como mulher.
Senta assim, não fala desse jeito, não fala alto, não diga palavrões, seja feminina, não seja "fácil".
Quando escolhi viver mulher, sentei diferente do que me foi ensinado, falei muitos palavrões, dei muitas risadas, fui em muitas festas, conheci pessoas, me envolvi com algumas, fui feminina e outras vezes fui uma garota arteira, sapeca, sem maldade.
Quando escolhi seguir mulher despertei para meu sagrado feminino, mas como tudo, há um preço a se pagar por ser "livre" dentro de si, porque eu não consigo ser livre sendo MULHER no mundo.
Quero morrer mulher, mas não por ser mulher, não por andar sozinha na rua, não por fazer uma trilha, não por ser simpática com alguém, não por estar usando uma saia, não porque disse não para alguém, não por não querer ficar mais com um cara, não quero morrer pelo simples fato de ter escolhido ser MULHER.
Eu tenho medo de fazer uma trilha sozinha, de andar na praia sem ninguém, apesar de fazer as vezes.
Eu tenho medo as vezes de ter escolhido ser mulher, de ser ingênua tantas vezes, de sorrir para as pessoas, de ser simpática e/ou educada, tenho medos.
Na minha liberdade me sinto presa como mulher.
Não conhecia Catarina, mas imagino que como eu ela só queria ser mulher, livre, andar pela praia, fazer uma trilha, ir nadar, caminhar, poder voltar para casa e dar um beijo em seu companheiro quando chegasse. Porém, teve aquele dia que ela não pode, ela não voltou, tiraram dela o direito de viver como mulher e tiraram sua vida por apenas ser mulher.
Eu escrevo com dor e lágrimas esse texto.
Por CATARINA, por mim e por todas mulheres.
Nos deixem viver como mulheres, livres, sem medo.
Estamos todas juntas.
Quando uma morre, todas nós morremos um pouco por sermos simplesmente mulheres, porque é regado o medo dentro de nós.
CATARINA, eu vejo você.
Seguiremos lutando por você e por nós.