09/12/2025
Quando esperamos certeza absoluta sobre o amor, não estamos falando de amor, estamos falando de medo.
Porque o amor, na sua forma mais viva, nunca chega embalado em garantias. Ele não assina contrato, não promete eternidade, não se curva às nossas tentativas de controlar o que é, por natureza, movimento. O amor é encontro, é risco, é troca e tudo isso exige uma dose de vulnerabilidade que assusta.
A busca pela certeza absoluta é, muitas vezes, o nosso jeito de tentar neutralizar o medo de perder, de sofrer, de errar de novo. É como se disséssemos: “Eu entro, mas só se você me prometer que nada vai doer”. Só que sentimentos não funcionam assim, relações não funcionam assim e a vida, principalmente, não funciona assim.
O medo é legítimo. Ele protege, ele sinaliza, ele tenta nos manter inteiros. Mas quando ele passa a ditar as regras, ele paralisa. Ele transforma o amor, que deveria ser experiência, em projeto de controle. E ninguém ama de verdade quando está ocupada demais tentando prever o futuro.
Talvez a pergunta não seja “como ter certeza?”, mas “como posso me permitir sentir mesmo sem certezas?”. Porque amar não é saber o que vai acontecer. Amar é estar presente no que já está acontecendo. É sustentar o desconforto do imprevisível sem fugir de si mesmo. É confiar no que se constrói no encontro, mesmo sabendo que tudo pode mudar.
O amor não é feito de certezas. As certezas também não são garantias de não ter medo. O amor nos solicita arriscar no outro e ver onde as possibilidades nos leva.