13/07/2020
Em tempos de isolamento social…
Descobri tantos vazios internos, briguei com todos eles.
Não queria escutar, não queria saber o que eles diziam.
Fechei a porta e fui embora.
No dia seguinte, na semana seguinte, no mês seguinte… abri a porta e eles estavam todos ali me olhando.
Um dia, um deles perguntou: “que horas vc vai sentar aqui com a gente?”
Aquilo me corroeu por dentro, mas continue fingindo não escutar.
O momento que eu realmente olhei para eles, era o momento que eu estava pronta para isso, pois sabia que sentar ali seria doloroso demais e, eu estava me preparando para olhar essas dores.
Sabe o que eles queriam me dizer?
Silêncio.
Não entendi nada, sai de novo brigada com eles.
Sentei outro dia e, silêncio.
Pensei: ”talvez eles desistiram de falar vou ficar mais um pouco…”
Continuou o silêncio.
Cochilei ali, quando acordei, alguns vazios estavam preenchidos e com uma carinha satisfeita.
Muitos dos meus vazios só querem minha atenção por alguns momentos, sem precisar dizer, nem fazer nada.
É tão simples estar ali com eles, comigo, juntos.
Mas também não é tão simples, tem vezes que é bem complexo.
Sentir a dor da falta, entrar no espaço vazio, descansar ali, pode ser preenchedor de algo.
O corpo contraído se recusa a entrar e contato com a dor.
Descontrair, nesse caso, é entrar no vazio e sentir, até ser possível relaxar nesse espaço interno.
Não precisa entrar de uma vez, é possível ir aos poucos, com cuidado, até o seu limite do que é suportável para encontrar o lugar de descanso no contato com as dores.
Por aqui acolho meus vazios dançando, me contornando das formas possíveis com auto abraços e toques sutis.
Até onde e de que forma vc vem acolhendo seus vazios, suas faltas, suas dores?