31/03/2021
Gratidão sempre ❣️
Apresentar alguém que de alguma forma inspire ou motive a contar um pouquinho dessa pessoa.
Essa era a tarefa do dia, aliás da minha parte bastante atrasada mas depois da entrevistada cada vez mais tenho a certeza de que tudo tem seu tempo e sua hora.
Nesses quatro semestres de Letras/Libras, conheci e convivi com muitas pessoas pra lá de especial. Saudade imensa do conviver diário ao vivo e a cores… Voltaremos com certeza!
Gostaria de escrever um pouquinho sobre cada uma, mas como seria quase impossível. Escolhi apresentar uma professora que tenho contato desde o inicio do curso. As disciplinas apresentadas por ela são fundamentais como base para nosso desempenho como tradutores e intérpretes de Libras. Pessoa instigadora, exigente, quase beirando ao perfeccionismo. Quando trata-se de estudos, pesquisas, artigos, então... nossa!!!
Como inspiração profissional para ela nada menos que Ricardo Sander . Ele foi o primeiro formador das gerações mais antigas, sempre foi parâmetro de interpretação séria, muito trabalho, engajamento e dedicação ao pessoal que estava entrando na profissão. Teve também a amiga Ângela Russo. Juntas fizeram muitos trabalhos uma parceria que sempre deu certo tanto como colegas de interpretação como quando foram professoras em formação de Tils.
Mesmo a conhecendo pouco quando li essa resposta, é como se visse o brilho nos olhos dela enquanto respondia minha pergunta. Tamanha a paixão pela profissão escolhida e pelas parcerias descritas acima.
E quando perguntei o que a “definia” a resposta foi surpreendente:
“Grande problema para uma entrevistadora, pois não sou tentada a me definir. Talvez minha veia Zen budista seja influenciadora, mas não é algo que eu pensasse. Posso dizer o que não me define, serve? Hehehe. Penso que nada do que eu transitoriamente, nesta vida, ”seja” me define: ser mulher, ser branca, ser descendente (italianos, ciganos, judeus, guaranis…) de alguma etnia, profissão, gostos etc. Penso que estamos na vida, que somos frutos de causas e condições e que isto é impermanente e mutável. Estou Maria Cristina, mas poderia estar outra, dependendo de qualquer decisão, causas e condições diferentes que eu tivesse me deparado. Sou mutável. A Cristina de hoje não é a Cristina de 5 anos atrás. Todas as definições seriam situadas neste momento atual e que já está mudando. Nascemos e morremos várias vezes na mesma vida, em ciclos e ciclos de renovação, sinto isto muito forte e sei de ciclo fechando e outro iniciando neste exato momento. E o que não se renova, assim como a água parada, apodrece, fenece."
Uau! Acostumada com ela como professora com uma performance mais séria e até me arriscaria a dizer rígida, percebê-la com essa visão da vida tão maleável realmente me surpreende e me encanta.
E agora quando pergunto: Como imaginas o teu futuro? Ela responde:
“Outro problema para entrevistadores, pois não faço ideia! O que a gente pensa e planeja, nem sempre acontece ou, melhor, na maioria das vezes não acontece. Meu pensamento ia até, por exemplo, ”quero me formar” e, depois disso, não conseguia vislumbrar muito. Depois que percebi que a vida segue em ciclos, que um ciclo se entrelaça ao outro, um que está terminando e outro que está começando, mal e mal planejo o outro dia. Vai que eu não acorde?! O único futuro certo é a morte, não no sentido que as pessoas geralmente dão a ela, como algo sinistro, mas como parte desta nossa trajetória. Com a pandemia tenho me exercitado em estar mais atenta a esta mestra (a morte), em viver o dia a dia, em agradecer porque acordei, em me examinar e trabalhar os aspectos que eu penso que me levam a uma vida mais realizada e pacífica."
Maria Cristina por Maria Cristina, desmistificando paradigmas. Gratidão por acolher minhas perguntas e mostrar esse teu lado, Zen, como tu mesma falou, deixando transparecer esse teu olhar fluido para com a vida e com o que ela te oferece.
Obrigada! Obrigada!Obrigada!
Texto escrito por Maria Cleo.