02/05/2020
O BURNOT ASSOLA OS ADEPTOS DA QUARENTENA.
Fomos acometidos por mudanças bruscas, que afetaram nossa existência; a rotina da nossa família, do nosso trabalho e do modo como vivíamos.
Tenho atendido meus pacientes de casa, acompanhando de maneira muito intima pessoas que, assim como eu, estão trabalhando a partir de suas casas. Seguimos o modelo dominante exigido pela pandemia; o teletrabalho.
Trabalhar de casa tem sua comodidades! Inicialmente pareceu um certo privilégio; a possibilidade de usar uma roupa mais confortável, cozinha ao alcance, pantufas e chinelos, por que não?
As adaptações foram feitas com uma pitada de entusiasmo, mesmo diante da real motivação deste ajuste; o medo do contágio. Salas, varandas, quartos e bibliotecas transformaram-se em verdadeiros coworking.
Nas primeiras semanas a necessidade e consciência da adaptação. Com o passar do tempo a constatação da realidade! Começo a ouvir os primeiros "suspiros", seguidos de relatos das dificuldades geradas por uma rotina extenuante. Horários excessivos e a disponibilidade full time, assim como o sentimento de irresponsabilidade e culpa, quando se atende o telefone e, se é flagrado com o computador desligado.Casais envolvidos com seus compromissos, deparando-se com reuniões simultâneas e a problemática de "quem ficará com o bebê?"
A "empresa" dividida com os afazeres domésticos, acompanhamento das atividades escolares dos filhos, entretenimento para os pequenos, preparo de refeições. Tudo num ritmo frenético desde o "saltar da cama ao apagar da luzes".
Acompanhando essas vivências, prescrevendo estratégias de solução de problemas e antiestresse, me deparo com a eminência de uma outra "pandemia"; a Síndrome de Burnot". E para ratificar minha percepção, ouço o relato nostálgico de uma das minhas pacientes: " saudade do tão exaustivo trânsito", na oportunidade nomeado como "moratória saudável", aquela que separa a saída da vida doméstica do arranque das atividades laborais. Novos conceitos!!!
Psi. Suleima Penz
CRP 07/14771