04/02/2024
FALANDO DE DENGUE
Dr. Ricardo Kreitchmann
Pediatra e Diretor Médico da Clini&Baby Clínica Médica e de Vacinas
Sobre o mosquito transmissor da dengue, Aedes Aegypti, pesquisas mostram a grande eficiência da sua fêmea , que embora vivendo apenas 6 semanas, produz uma prole de ovos, larvas e "filhotes" imensa. Sua busca desenfreada de sangue para atingir esta finalidade é impressionante, circulando destemidamente entre humanos para tal. A proliferação intensa deste ou desta "Mosquita" com letra maiúscula é a razão do predomínio nacional deste vetor sobre outros. Atualmente começa a ser encontrado na Europa, especialmente Portugal e Espanha, onde inexistia.
Nos te**es de fórmulas repelentes ao mosquito Aedes, a ICARIDINA venceu todos os demais, sendo inicialmente produzida sob o nome de Exposis pela Bayer alemã, e reproduzida por outras indústrias em vários países.
No Brasil a espécie Aedes invadiu todos os Estados, sendo vetor transmissor do vírus da Dengue, Febre Amarela, Zyca, Chicungunya,etc.
Mudanças ambientais em Minas Gerais e Goiás, barragens destruídas e redução de predadores como os batráquios, determinaram sua vinda do Pantanal ao sudeste e litoral brasileiro, com nova distribuição da Dengue, agora concentrada em Minas, São Paulo e Paraná. No mapa brasileiro de casos de Dengue o Rio Grande do Sul tem menor proporção. Mas trata-se de uma doença em crescimento por aqui, onde em mais de um século não era conhecida pela Medicina Gaúcha.
Temos fracassado nas tentativas de eliminação dos focos destes vetores, faltando colaboração e compreensão da população em geral, que não valoriza estas ações preventivas de higiene ambiental. Pesquisas internacionais buscam a modificação genética do Aedes, que impeça a produção de sua fêmea, a grande "vilã" da transmissão das doenças.
Enquanto estes caminhos se mostram ineficientes, a Vacina contra a Dengue produzida na Alemanha pela Biologika-Takeda é a única alternativa sólida para sua prevenção, embora sem eficácia nas crianças abaixo de 4 anos de idade. Seus ótimos resultados entre os indivíduos com mais de 4 anos estão comprovados. A vacina chamada de Q-Denga, contra os 4 tipos virais numerados, está disponível desde setembro de 2023 no Brasil, sendo aplicada em 2 doses com intervalo de 3 meses entre si. Tem preparo distinto das demais vacinas para o profissional de saúde que as realiza.
O Instituto Butantã em São Paulo pesquisa uma Vacina com fase 3 concluída e resultados muito próximos da Q-Denga, podendo viabilizar sua produção após concluir a fase 4, sendo até aqui muito promissora, e com produção industrial prevista para 2025.
O governo federal brasileiro comprou emergencialmente um lote da Q-Denga alemã, que será aplicada em jovens de 10 a 14 anos, nas áreas de maior incidência, não chegando por ora no Rio Grande do Sul.
Infelizmente 54 gaúchos faleceram de Dengue em 2023, e teremos que enfrentar com bastante rigor esta Arbovirose, tanto em soluções ambientais com controle dos focos do Aedes, proteção corporal com repelentes adequados, quanto com Vacinas disponíveis nas Clínicas privadas de Vacinação, onde atuamos.