21/11/2025
Uso de DOACs em Fibrilação Atrial na DRC: O Grande Dilema Clínico
O manejo do risco de AVC e sangramento em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) e Fibrilação Atrial (FA) é um dos maiores paradoxos clínicos. Alguns pontos cruciais que guiam a decisão do internista:
1. Paradoxo e Escores
O paciente com DRC possui o maior risco de AVC e, simultaneamente, o maior risco de sangramento. Atenção: Escores de risco (ex: HAS-BLED, HEMORR2HAGES) têm baixa acurácia na DRC, mas a acurácia da impressão clínica é tão boa quanto a dos escores para predizer sangramento.
Lembre-se: o benefício dos DOACs em pacientes dialíticos é atualmente questionado.
2. DOACs vs. Varfarina
Os DOACs (Anticoagulantes Orais Diretos) são preferidos em relação à Varfarina na DRC não dialítica, pois evitam a calcifilaxia. Para DRC Estágio 3 (CrCl 30–60 mL/min), DOACs são preferidos. A impressão clínica subjetiva é fundamental na decisão final de anticoagular.
3. Ajuste de Dose (Ajuste por CrCl)
O ajuste preciso da dose é obrigatório. Deve-se usar o Cockcroft-Gault (CG) para estimar o clearance de creatinina (CrCl), para garantir o alinhamento com a bula e os estudos prévios.
Apixabana: Redução para 2.5 mg 2x/dia se >= 2 dos 3 critérios (Critérios ARISTOTLE/Bula): idade >= 80, peso = 1.5 mg/dL.
Rivaroxabana: CrCl 15–50 mL/min: 15 mg 1x/dia. CrCl < 15 mL/min: Não recomendada.
Dabigatrana: CrCl 30–50 mL/min: 75 mg 2x/dia. CrCl < 30 mL/min: Não recomendada.
4. A Visão 360° do Internista
O internista é o especialista da complexidade. Nossa função é coordenar o cuidado integral: garantir que a dose seja alinhada à bula e aos ensaios clínicos (máxima segurança), e avaliar a fragilidade, risco de quedas e aderência antes de iniciar o tratamento.
Qual o fator (além dos escores) que mais pesa na sua decisão de não anticoagular um paciente dialítico?