12/05/2025
Eu jamais imaginei que algo na minha vida teria tanto impacto. Em tudo. Na minha forma de pensar, sentir, viver, planejar, dormir, comer, me exercitar, olhar pra vida, sentir cheiros, pensar na previsão do tempo e nos riscos de cada coisa.
A maternidade, com o nascimento da minha primeira filha, Maria Alice, foi avassaladora. Acabou com a mulher que eu era antes e fez nascer uma nova. Com o nascimento da Helena, novamente um luto e um renascimento. Mais maduro e tranquilo, porém ainda doloroso e cheio de amor.
E assim também se foi a médica. Que antes pensava “se eu consigo me exercitar mesmo trabalhando tantas horas, essa paciente também consegue”. E olha que eu cometi a barbárie de falar isso. “Essa criança come porcaria porque a mãe compra”. “A pessoa não investe em si, por isso acaba ficando doente”. Penso em quantas pessoas eu posso ter ter magoado, chateado, por dizer tanta coisa sem entender o outro lado. Lado da mãe que trabalha e cuida dos filhos e não, infelizmente não tem tempo de se exercitar. Do pai que compra guloseima pro filho porque este tem dificuldades na alimentação, e ele só está desesperado para que o filho coma algo. A pessoa que de fato não investe tempo em si porque está cuidando dos filhos, dos pais, e não sobra tempo nem energia pra isso.
A maternidade me ensinou uma empatia ímpar, um acolhimento e um amor pelas pessoas, e aí estão também meus pacientes. Hoje eu amo mais meu trabalho, acolho mais meus pacientes, tenho mais interesse em suas histórias e me esforço cada vez mais para de fato ajudá-los de maneira inteira e intensa.
Então quero agradecer às minhas filhas, por me fazerem uma pessoa melhor. Por me fazerem me preocupar mais, amar mais, lutar mais, compreender mais.
Quero agradecer à minha mãe, minhas avós e outras mães perto de mim que são exemplos dessa força tão grande.
Em meio a agendas canceladas e ausências de última hora, menos horários de atendimento e priorização de vários momentos, digo aos pacientes que a mãe que lhes atende hoje é uma versão infinitamente melhor daquela que poderia ser (ou que era) quando era só médica.
Toda minha admiração pelas mães 🩷