12/10/2025
Hoje é Dia das Crianças, mas nem toda criança teve o direito de continuar sendo o que já era.
Ailton Krenak disse uma vez que perguntar a uma criança o que ela quer ser quando crescer é quase uma violência. Porque essa pergunta parte da ideia de que ela ainda não é nada. Mas se você já conversou com uma criança de verdade, com tempo, com presença e curiosidade sincera, sabe que ela já foi muita coisa.
Eu mesmo já fui astronauta da nave de caixa de papelão, perfumista das flores o quintal, caçador de assombração em casas abandonadas, mago com capa de toalha de mesa, neurocirurgião de insetos, depois DJ, escritor, filósofo, depois psicólogo. Em alguma medida, sou um pouco de todos eles até hoje.
A questão é: o que a gente faz com a criança que a gente foi?
A gente deixa ela continuar brincando, sonhando, testando, se arriscando? Ou a gente manda ela calar a boca e coloca um crachá em cima?
Tem adulto que só virou “grande” depois de abandonar quem era. Outros — e esses eu admiro profundamente — cresceram sem precisar trair o que foram.
Se você já se perguntou por que está cansado, por que perdeu o encanto, por que às vezes sente que vive num personagem… talvez valha escutar essa pergunta:
O que foi que você fez com a sua criança? Você permitiu essa criança continuar sendo ou você teve que interromper isso pra se tornar um adulto chato?
Tomara que a resposta seja bonita.
E se não for, ainda dá tempo de reencontrá-la.