27/10/2025
Você já parou pra pensar na diferença entre ser desejado e ser amado? Existe uma diferença lque atravessa não só nossos relacionamentos, mas a forma como fomos subjetivados ao longo da vida.
Ser desejado é ocupar um lugar dentro da fantasia do outro. É quando a pessoa te olha e enxerga não exatamente quem você é, mas o que ela precisa que você represente. Você vira um suporte para uma falta, uma projeção que responde a uma demanda inconsciente, muitas vezes construída desde a infância daquela pessoa. A psicanálise entende o desejo como algo estruturado pela ausência, pela falta, por isso o desejo é tão potente, mas também tão instável. O desejo idealiza, recorta, m***a uma imagem. Ele escolhe pedaços, não aceita o todo.
Mas é aí que começa o problema…
Porque o amor, ao contrário do desejo, só acontece quando a imagem cai. Quando o sujeito que deseja consegue sustentar o encontro com o outro real, com tudo aquilo que é incômodo, imperfeito, complexo. Amar é atravessar a fantasia e continuar. É olhar para o outro fora do ideal, fora da projeção, fora do que era esperado, e ainda assim escolher permanecer.
Algumas pessoas se acostumaram a performar para serem desejadas. Aprenderam a esconder suas partes mais humanas com medo de que, ao mostrarem quem realmente são, deixem de ser escolhidas. E muitas vezes, infelizmente, esse medo se confirma. Porque há relações que só existem enquanto a ilusão está de pé. Relações em que basta a realidade aparecer para que o vínculo se quebre. E isso adoece porque ninguém sustenta uma existência inteira sendo apenas personagem no roteiro inconsciente de alguém.
Por isso, a pergunta que vale ficar é: nas suas relações, você sente que pode existir de verdade? Ou precisa modular quem você é para continuar sendo aceito? Porque enquanto o desejo precisa da fantasia para sobreviver, o amor só começa quando a realidade entra em cena. E é aí que moram os vínculos que realmente fazem diferença na vida psíquica de alguém.