27/10/2025
“Quando meu desejo se confunde com o reflexo dos espelhos do Outro…”
Às vezes, o que chamamos de “eu” é só o reflexo do olhar de alguém. Desde cedo, nos olhamos pelos olhos dos outros: o olhar que aprova, o que desaprova, o que deseja ou rejeita. Cada um desses olhares funciona como um espelho.
Mas nem todo espelho devolve nitidez. Alguns distorcem, esticam, achatam, moldam. Devolvem imagens que parecem reais, mas são projeções do Outro sobre nós.
Quando vivemos apenas a partir desses reflexos, começamos a nos perder.
Tentamos caber, agradar, corresponder. E o desejo, que nasceu para ser força viva, vai ficando silencioso, confuso, exausto.
O desejo, quando é meu, não nasce para agradar. Ele nasce para existir, para dar liberdade, para proteger das invasões do Outro (e de uma vida cheia de insatisfações).
Encontrar o próprio desejo é limpar o vidro da imagem: enxergar quem está ali, mesmo que ainda embaçado, mas verdadeiro.
É escolher se olhar menos com o olhar do outro e mais com o olhar do que em mim vibra, mesmo que ainda não saiba nomear.
Com afeto,
Pri Spineli 🌟