18/10/2025
A palavra “paciente” vem do latim patiens: “aquele que sofre.”
E “doutor” vem de docere: “aquele que ensina, aquele que sabe.” Com o tempo, percebi que o verdadeiro doutor não é o que sabe — é o que ouve, aprende e sente compaixão.
A medicina não é sobre conhecimento, é sobre presença.
É sobre entender que o que cura não está só nos remédios,
mas no olhar, na escuta e na fé compartilhada entre quem sente dor e quem decide cuidar dela.
Ser médico é, de certa forma, ser remunerado para cumprir a nossa única obrigação bíblica: ajudar o próximo. O que às vezes parece um pecado — porque é um chamado tão natural que se mistura à própria essência do viver.
Dizem que de médico e de louco, todos temos um pouco.
E talvez seja verdade. Porque, no fundo, para ser bom médico nos dias de hoje é necessário ser realmente um pouco louco.
Loucura por acreditar quando ninguém mais acredita.
Para tentar e acreditar no improvável. Por entrar em uma sala de cirurgia ou num plantão com a fé de que, de algum modo, a vida vai vencer mais uma vez.
Confesso que às vezes fico um pouco triste quando encontro pessoas maravilhosas — advogados, arquitetos, professores, artistas — e penso: “essa pessoa teria sido um médico incrível.” Porque o mundo precisa de gente boa de alma,
de gente que serve, que sente, que se doa.
A medicina precisa de mais dessas pessoas —
as que conspiram pelo bem.
Hoje, no Dia do Médico, eu celebro não a profissão,
mas o privilégio de poder aprender com quem sofre,
de poder aliviar, ainda que por um instante, o peso da dor.
E sigo acreditando, com toda a fé e a loucura que me habitam,
que o verdadeiro doutor é aquele que nunca para de aprender a amar.