02/12/2025
A morte desse jovem escancara muito mais do que um acidente trágico: revela um ciclo completo de negligência emocional, social e institucional.
Quando se olha além do fato, o que aparece é um adolescente que:
tinha transtornos mentais não tratados ou tratados de forma insuficiente; colecionava comportamentos de risco repetidos, que já sinalizavam sofrimento psíquico; era movido por uma fantasia quase delirante — a ideia de “domar leões”, “viajar para a África”, “proar algo extraordinário”; não tinha amparo, supervisão, limites, cuidado ou acolhimento que pudesse conter essas impulsividades.
Ou seja: ele já pedia ajuda há muito tempo, mas ninguém conseguiu ou pôde ler esse pedido.A falta de cuidado aparece em várias camadas:
1. No âmbito familiar e comunitário
Faltaram redes de apoio. Faltou alguém que percebesse que aquele comportamento não era “bagunça”, era sintoma.
2. No sistema de saúde mental
Um jovem com histórico de transtornos psiquiátricos e sucessivas ocorrências não deveria “sumir” entre burocracias.
O Estado e a saúde mental coletiva falharam.
3. Na educação e proteção social
Ele não encontrou adultos que pudessem oferecer continência psíquica, orientação e acompanhamento real.
4. Na mídia e nas redes
A tragédia virou espetáculo. E, como sempre, quem mais precisava de cuidado virou apenas manchete. ⚠️O que esse caso nos ensina, como profissionais da psicologia:
📍Comportamentos de risco não podem ser minimizados.
📍Fantasias grandiosas, invasões, impulsividade extrema, busca por perigo — são sinais de alerta, não de aventura.
📍Jovens que se aproximam de situações letais estão, muitas vezes, tentando lidar com um desamparo profundo.
📍É urgente falar sobre saúde mental com famílias, escolas e redes de apoio.
📍É preciso olhar para os jovens que estão “incomodando”, porque geralmente são os que mais estão sofrendo.