08/11/2022
Eu me lembro de ter dito, algumas vezes na vida, que sentia que “eu era fraca demais pra isso aqui”.
Eu era mais nova, talvez adolescente até, e tudo me atingia com uma força descomunal.
E isso me fazia ter a sensação de que eu não sabia viver.
Cresci um pouco, mas tem dias em que esse pensamento ainda me acomete.
E já escutei de outras pessoas, seja na clínica ou dos meus amigos e conhecidos, que “a vida é difícil demais, parece que eu não tô preparada pra isso, porque tudo dói”.
Aparentemente são pensamentos mais comuns do que a gente imagina.
Escutamos muito por aí sobre ser forte.
Seja forte, o que não te mata te fortalece, você vai sair dessa situação mais forte, etc etc.
O que faz a gente praticamente sentir que, pra conseguir viver a vida de uma maneira plena, é necessário criar uma casca em torno de si. Quase como uma armadura. Estar pronto pra luta.
Mas é fácil de ver, na clínica e na vida, como armaduras também podem machucar.
Como elas pesam, como as pregas pegam no corpo e arranham, como fazem f**ar difícil andar, como impedem de sentir os cheiros que a gente gosta e sentir o vento na pele.
E aí que eu fui entender:
armadura não é força, é só autoproteção.
E quem se protege de coisas difíceis, se protege sem querer das coisas boas também.
Talvez o que a gente vem chamando de força, esse tempo todo, seja na verdade FLEXIBILIDADE.
Essa palavra linda e tão esquecida por nós em grande parte do tempo.
Flexibilidade pra cair e conseguir se reerguer, pra chorar e depois sorrir, pra não querer ser perfeita o tempo todo, pra se permitir não estar bem o tempo todo, pra assumir suas próprias emoções e lidar com elas.
Ser mais como o bambu que se dobra todo quando o vento passa, que parece que vai cair e chega a alcançar o chão, mas é tão flexível que depois consegue voltar a f**ar em pé, transformado, mas não quebrado.
E menos como um graveto qualquer, duro, estanque, inflexível, que o vento passa e quebra.
Um bambu, sim, parece ser forte pra vida, não é?