10/12/2020
Essa semana, me deparei com uma nova citação que quero compartilhar com vocês! Então pega um café e vamos juntos!
Ali, durante um discurso em Milão, nosso amigo francês nos diz mais sobre o que seria o problema do "retorno a Freud", e isto aponta para como podemos ter uma leitura diferente da noção de continuidade que é a mais vigente em nosso campo.
"Retorno a Freud: naturalmente recebi esse rótulo, que bem mereço, porque foi assim que eu o produzi pela primeira vez.
Eu não me importo com você Freud. [!]
Era simplesmente o processo para os psicanalistas perceberem que o que eu estava dizendo a eles, já estava em Freud. Ou seja, que só precisamos analisar um sonho para ver que é apenas de signif**ante. (...) A saber, que não existe um signif**ante cujo signif**ado é assegurado. Ele pode sempre ser outra coisa."
Lacan aqui nos diz que recebeu esse rótulo mas que não se importa com o vienense!Apenas o utilizou como processo de seu ensino. Ao retornar a Freud, Lacan inaugura um novo discurso, uma nova clínica. Cria um Freud com quem dialoga e usa-se dele para dizer de sua nova teoria. Podemos traduzir "retour" como giro, reversão. Se Lacan foi rotulado e produziu esse retorno a Freud, não foi para continuar e sim virar do avesso o que estava posto.
Porém, não podemos deixar passar desapercebido que Lacan contribuiu para essa confusão e esse rótulo, como afirmou acima. Se as vezes insulta o vienense, também acaba sempre alegando que a subversão que trazia, já estava toda lá em Freud. Um truque muito críticável. Aponta como se o novo não fosse novo, "para que os psicanalistas percebessem" [só agora] o que já estaria ali. Mas não estava! E no mesmo discurso deixa isso claro, continuo abaixo:
"É exatamente por isso que eu nunca começaria a fazer a psicanálise de Freud, especialmente porque ele é uma pessoa que eu nunca conheci.
O que Freud disse é isso, o que eu acabei de dizer. É esse deslizamento do signif**ante do qual eu estava falando anteriormente, que é em nome do fato de que ele retratou este sexualidade. Nós achamos que ele sabia o que isso signif**ava. Mas precisamente o que ele nos explica é que não sabe. Ele não sabe disso." [!]
Freud não sabia do signif**ante! Só apartir da introdução do novo é como se estivesse retroativamente sempre lá.
E vocês o que acharam?