13/01/2023
Nesses dias em que estive recolhida e ausente, passei pela maior reflexão da minha vida.
Como todos sabem meu filho Lukas Arma faleceu dia 25 na tarde de Natal, e essa também era a data em que ele completava 21 anos.
Naquela tarde vivenciei o maior de todos os terrores que uma mãe pode passar.
Senti como se pedaços de mim caissem no chão, como cacos de vidro.
Foi assim que despenquei ao lado do corpo do meu filho, quando o encontrei ja sem vida.
Nesse momento, com o coração dilacerado e sangrando, um silêncio profundo e sem resposta invadiu minha alma.
A dor foi tão intensa, achei que nunca ia conseguir reverter isso, me senti
por alguns instantes anestesiada e em choque, quando
me dei conta, ja estava nas capelas observando aquele cenário mórbido e triste.
Notava que em alguns momentos eu ficava dividida, ora eu era a mãe que estava sofrendo pela morte do filho, ora eu era a mãe que sofria ao ver a dor do filho mais novo (Matheus), sofrendo pela morte do seu irmão, amigo e companheiro.
Assim fiquei por longas horas até que o tempo foi passando, e eu comecei a notar o quanto que meu estado de presença estava sendo alterado, pois ja não sentia mais aquela dor dilacerante, nem aquele desconsolo que antes ardia no meu peito. Comecei a perceber que aqueles cacos de vidro estavam voltando para o lugar com uma nova informação.
Já não eram mais vidro, e sim meus pedaços que estavam se reconstruindo.
Confesso que foi um sentir tão estranho, para uma mãe que estava prestes a sepultar o próprio filho, naquele instante começou um debate interno entre o meu mental e o emocional, uma parte indagava, Como assim se recontruindo? Tu deveria esta em dor, sofrendo pela perda.
Ao mesmo tempo que a outra parte me dizia: logo, logo vais entender tudo.
Fiquei com essa sensação até o término da cerimônia de sepultamento, fui embora, e junto com o Matheus viajei para a casa dos meus pais, e foi lá que aos poucos esses pedaços finalmente se acomodaram e trouxeram a lucidez (luz-cidez) que tanto precisava.
Os dias foram passando, eu ainda estava dentro do meu luto, a tristeza ainda batia no peito junto com a saudade, mas ainda assim uma clareza começou a permear dentro de mim, me trazendo a compreensão de que me foi dado a oportunidade de ter a experiência mais dolorosa e ao mesmo tempo a experiência mais amorosa que eu poderia vivenciar aqui na vida terrena.
- Entender o maior paradoxo de todos: A vida e a morte, que na verdade pra mim, não tem nada de paradoxo, pois ambas caminham juntas porque uma é a continuidade da outra em outro estado de ser - Nascer e Renascer.
Ali entendi de fato que meu filho não morreu, apenas passou para o outro lado do véu.
Me dei conta, que esse entendimento ja havia se concretizado, lá na hora do sepultamento, pois toda mãe que passa pela vivencia de ter que fechar o caixão do seu filho e depois fechar o túmulo, é bem dolorosa, confesso que essa cena aqui no mundo material é horrível, pois ali temos a certeza que não tem mais volta.
Lembro, que nesse momento senti uma sensação forte, porém sem dor, não consego explicar em palavras a sensação, creio que isso ocorra porque é uma explicação além da matéria.
Senti que o sepultamento foi apenas a passagem dele.
Da mesma forma quando se abriu o portal da chegada e da partida do Lukas nesse mundo.
Ele foi recebido pela força e egregora do Mestre Jesus, nasceu no dia de Natal e regressou para seu lugar de origem, na mesma data, na mesma egregora de paz e amor de Jesus Cristo.
Isso ficou muito claro pra nós, esse portal pertenceu a ele e cosmicamente a história e ao propósito do Lukas enquanto viveu por aqui.
Talvez vocês devem estar se perguntando: Qual foi o aprendizado que esse Ser de Luz deixou?
Hoje compreendo que o Lukas me trouxe uma força e uma coragem nunca experimentada antes.
Ainda em vida, ele ensinou isso para o irmão, Matheus Arma.
Ele teve a preocupação em proteger e fazer o irmão encontrar a sua força interior (parece que ele ja estava preparando o irmão para esse grande desafio). Então foi nos meus dias de luto, enquanto refletia e meditava, que o Matheus ajudou a acionar com seu jeito discreto e amoroso o legado que o Lukas o despertou. O irmão justiceiro o ensinou a reconhecer a Força, a coragem e a disciplina na hora certa!
É... agora sabemos que ele nos deixou o maior de todos os legados, sentir a vida como um belo presente de natal e a morte como o renascimento que se alinha na certeza que todos estamos ligados e vivos pelo cordão do amor.
Simples e profundo como ele sempre foi.
Agradeço todas as pessoas que nos acompanharam, nos colocaram nas orações e nos abraçaram fraternamente tanto presencial como a distância, guardarei todos pra sempre em meu coração.
Que nossos corações vibrem na paz e na luz.
Com Amor
Cristiane Arma