28/11/2025
Uma nova revisão publicada em 2025 na revista Fertility and Sterility apresenta descobertas que podem transformar a compreensão da endometriose.
A análise demonstra que as lesões endometrióticas frequentemente contêm as mesmas mutações somáticas encontradas em genes relacionados ao câncer.
Essas mutações aparecem de forma consistente em diferentes tipos de lesões, ovarianas, profundas e peritoneais, indicando que a endometriose não é formada por tecido aleatório, mas sim por um processo clonalmente dirigido. Isso sugere que as células endometrióticas compartilham uma origem comum e seguem padrões de expansão semelhantes aos observados em doenças complexas.
Os autores destacam que o estresse oxidativo e a sobrecarga de ferro provenientes da menstruação retrógrada podem causar danos ao DNA. Esses danos favorecem tanto o surgimento de mutações quanto o desenvolvimento de fibrose, o mesmo mecanismo que contribui para a natureza invasiva e recorrente da endometriose.
Apesar disso, a doença quase nunca evolui para malignidade.
Algo no microambiente das lesões possivelmente mecanismos imunológicos ou hormonais parece limitar esse potencial cancerígeno, impedindo que as mutações resultem em transformação maligna.
Programações epigenéticas herdadas de gerações anteriores criam um terreno vulnerável, uma sensibilidade silenciosa no sistema reprodutivo, imunológico e inflamatório, exatamente as áreas mais afetadas na endometriose.
Essas programações epigenéticas podem envolver:
1. Memórias biológicas de inflamação crônica
2. Programações de sobrevivência ligadas ao sistema
reprodutivo
3. Herdabilidade epigenética de estresse tóxico
Isso prepara o terreno perfeito para que mutações somáticas adquiridas depois encontrem ambiente fértil para crescer.