26/08/2025
"A sombra do receio de fazer pouco!"
A pediatria é uma das áreas de atuação mais interessantes possíveis.
Trabalha-se com pessoas em situação de estresse, como em todas as outras áreas médicas. Mas a Pediatria está mais próxima do sentimento de esperança e da continuidade da família.
Falamos aqui de filhos e suas mães, de avós e pais — adotivos ou não — e de suas crianças.
Eles sempre se esforçam para que tudo corra bem com seus filhos, mesmo vivendo à sombra do medo sobre a saúde da criança.
E é sobre essa “sombra do receio” que precisamos refletir.
Hoje se percebe uma grande comercialização dos meios e serviços terapêuticos.
Quem já vivenciou como era a área médica há poucos anos pode usar essa experiência como comparativo entre a busca pela melhora da criança e da mãe e a imposição de certas ideias que, ao condenarem determinada terapia, acabam transmitindo aos pais ou responsáveis a impressão de negligência em relação à criança amada.
Isso pode acontecer justamente em momentos de fragilidade emocional ou financeira da família.
Atualmente, os recursos estão cada vez melhores, mas as ideias sobre esses recursos terapêuticos carecem de objetividade fraternal. Nunca se deve afirmar que esta ou aquela vacina, terapia ou vitamina não será eficaz.
Até porque todas têm seu momento e situação adequados de aplicação, a fim de promover progresso no quadro da criança doente ou fragilizada.
Colocar o uso desta ou daquela terapia, medicamentosa ou não, de forma absoluta — nos termos “sempre” ou “nunca” — não parece ser a postura mais racional.
Hoje temos os “protocolos de tratamentos” e também as IAs (inteligências artificiais) alimentadas por esses protocolos. Mas quando se trata de terapias de apoio ou profiláticas (e não das terapias de urgência ou emergência, que estão diretamente relacionadas ao risco imediato ou não de morte do paciente), essas precisam ser analisadas sob uma perspectiva humana, considerando o momento e as circunstâncias de aplicação.
A visão “pop” de plataformas como Google e semelhantes sempre carecerá de sensibilidade no entendimento da situação da doença ou intercorrência relatada pelos pais.
Protocolos, sim, mas protocolos aceitos por entidades reconhecidas por sua trajetória.
Uso válido, desde que pensado e interpretado por um médico, durante uma boa conversa, sobre a família , entre os pais e o médico.