Instituto Jussara Budniak

Instituto Jussara Budniak Seja bem-vindo(a) ao Alma No-Divã.

Se você sente que está carregando mais do que pode suportar,
✓ Se deseja entender os seus ciclos, os seus silêncios e os seus medos,
✓ Se quer construir um caminho de auto cuidado profundo,

🌿 Este é o seu lugar.

04/12/2025

Alma-no-divã:

O quão exausta você está?
Você já se sentiu assim?

04/12/2025

Alma-no-divã:

Quando o sujeito ama, ele ama o buraco — aquilo que falta, aquilo que escapa, aquilo que não se dá por inteiro. O amor nasce sempre torto, sustentado pela assimetria que nos empurra para o outro. Porém, quando esse outro devolve tudo, quando corresponde com precisão cirúrgica a fantasia que idealizamos, algo desmorona silenciosamente.

A ilusão de completude retorna como um golpe narcísico:
“Agora que você me preenche, já não há espaço para o que em mim deseja.”

Porque o desejo não habita no inteiro; ele precisa do intervalo, do furo, da fresta onde a imaginação cria pontes. Quando o impossível vira possível, quando o enigma se revela sem mistério, o amor se contrai. O excesso que pulsava vira acordo, e aquilo que era vivo se torna evidência — e evidência não convoca movimento psíquico.

Assim, muitas vezes o amor não morre por saturação, mas por colapso estrutural.
Sem o vazio, não há mais procura.
Sem o impossível, não há mais encantamento.

O amor nunca foi casa concluída — ele é um cômodo sempre em construção.
Quando o acabamento chega, o desejo abandona a obra.

04/12/2025

Alma-no-divã

04/12/2025

Alma-no-divã:

No enquadre analítico, aquilo que parece arrogância do paciente — medir currículos, comparar trajetórias, colocar o analista à prova — é, na verdade, um gesto de profundo desamparo. Caio não queria vencer Davi; ele queria saber se Davi suportaria a tempestade que ele carrega.

Na psicanálise, o teste não é uma provocação gratuita, mas um pedido de confirmação: “Se eu mostrar a parte que ninguém vê, você continua aqui?”
Esse teste nasce da falta: falta de referência confiável, falta de alguém que não caia, não recue, não abandone. Quando Caio mede forças, ele está tentando estabelecer contorno psíquico; ele tenta saber se o analista tem “peso” suficiente para ser internalizado como apoio.

Davi percebe que não se tratava de comparação intelectual — era Caio perguntando com o corpo, com a história, com o medo:
“Você é realmente maior do que a minha dor?”

Em análise, não há aprovação e nem humilhação. Há sustentação.

Quando o analista não se coloca no jogo competitivo, quando não responde com vaidade nem defensividade, ele devolve ao paciente a possibilidade de existir sem duelo. O teste cai, e o vínculo emerge.

Na lógica transferencial, desafiar o analista é o modo que o paciente encontra para avaliar se pode confiar sua parte mais desorganizada. A avaliação narcísica dá lugar à possibilidade de entrega:
Se o analista não precisa ganhar, é porque ele pode cuidar.

É aí que o tratamento começa.
Não quando o paciente fala — mas quando ele testa.
E o analista permanece.

03/12/2025

Alma-no-divã:

A violência contra a mulher não nasce do amor, mas do colapso narcísico de homens que não suportam a autonomia feminina. O feminicídio é o ponto em que o sujeito, incapaz de simbolizar a perda, tenta restaurar seu ego ferido destruindo o outro. É a prova brutal de uma sociedade que ainda cria homens sem elaboração emocional e mulheres sem proteção suficiente.
Enquanto não ensinarmos meninos a lidar com frustração e não garantirmos às mulheres segurança real, continuaremos chorando vidas que jamais deveriam ter sido arrancadas.
— Jussara Budniak

ANÁLISE PSICANALÍTICA — O Vaqueirinho e o Real Que Engole o IndivíduoA história do Vaqueirinho é um encontro brutal entr...
02/12/2025

ANÁLISE PSICANALÍTICA — O Vaqueirinho e o Real Que Engole o Indivíduo

A história do Vaqueirinho é um encontro brutal entre o sujeito e o Real — o ponto onde o simbólico falha, onde o social falha, onde o Outro falha. É onde nenhuma palavra chega, onde a estrutura psíquica, já fraturada, não encontra sustentação.

Ele é um caso que encarna aquilo que Freud já apontava: quando a realidade externa é profundamente hostil e o ego não dispõe de recursos internos para metabolizar essa hostilidade, a mente busca vias extremas para reorganizar o caos. E às vezes essa reorganização é delirante, às vezes é autodestrutiva, às vezes é um pedido mudo por cuidado.

No Vaqueirinho, a esquizofrenia emerge como uma defesa extrema diante de um desamparo absoluto. É importante lembrar: o delírio é sempre, de algum modo, uma tentativa de cura. É a tentativa da psique de dar forma a um mundo que a subjetividade não consegue suportar.

Mas ele não tinha suporte simbólico.
Não tinha família, não tinha laço, não tinha o Outro que acolhe, que costura, que sustenta.
Tinha apenas a falha — uma falha repetida, estruturante, que atravessou infância, instituições, políticas públicas, saúde mental precária, repressões, descuidos.

Winnicott diria que ele nunca teve um ambiente suficientemente bom.
O mundo não o segurou na queda.
E sem um ambiente que contenha, a mente se fragmenta:
o selfie cai em pedaços.

Lacan diria que ele viveu sem inscrição no Nome-do-Pai — sem a metáfora paterna que organiza, sem o significante que o localiza no mundo.
Ele ficou à deriva no discurso do Outro, e quando não há Outro consistente, o sujeito cai no Real — o insuportável.
A jaula dos leões foi a materialização desse Real sem mediação.

Melanie Klein veria nele a captura numa posição esquizofrenia permanente:
um mundo sentido como hostil, voraz, persecutório, onde nenhum objeto bom foi introjetado para compensar o ódio e a angústia.
A leoa, então, aparece como esse o esse objeto interno devorador, encenado no mundo externo.
A psicanálise sabe que o corpo fala o que a língua não alcança.
E aquele ato extremo foi o corpo gritando o que o sistema recusou escutar:
“Eu existo. Me vejam. Me segurem. Me tratem.”

01/12/2025

Alma-no-divã:

POEMA — “O Menino Que o Sistema Não Soube Segurar”

O Vaqueirinho não nasceu para morrer na boca de uma leoa.
Ele nasceu como qualquer um de nós:
pedindo colo,
pedindo nome,
pedindo lugar.

Mas desde cedo o mundo o empurrou para fora.
Primeiro a família que não o acolheu.
Depois o Estado que não o viu.
Por fim, um sistema inteiro
que fala em saúde mental
mas não sabe segurar ninguém que está caindo.

Ele foi crescendo entre buracos.
Buracos no afeto,
buracos na mente,
buracos nos olhos de quem deveria tê-lo visto.
A esquizofrenia chegou como chega num terreno sem proteção:
rasgando, confundindo, isolando.
E ninguém — ninguém —
ergueu uma ponte até ele.

A cada surto, uma porta fechada.
A cada pedido torto, uma omissão.
A cada delírio, um carimbo.
A cada fuga, um registro policial.
O menino gritava por cuidado,
e o mundo respondia com algemas, protocolos, relatórios.

E então, um dia, cansado da jaula invisível que o sistema construiu ao redor dele,
ele entrou na jaula visível.
Não porque queria morrer, mas porque não encontrava mais lugar para existir.
Quando o humano falha, a fera vira testemunha.
E assim foi.

A leoa rugiu, o instinto falou,
e o corpo dele não resistiu.
Mas a verdadeira morte veio antes:
veio quando ninguém tratou a dor,
quando ninguém segurou o delírio,
quando ninguém escutou o menino que tremia dentro do homem.

A tragédia não está na leoa.
A tragédia está no que veio antes.
Está no sistema que larga, que rotula, que abandona.
Está na política pública que existe no papel,
mas morre na porta de entrada.
Está nos olhos treinados para julgar,
nunca para compreender.

E eu penso — e escrevo com esse nó na garganta:
quantos Vaqueirinhos caminham hoje
entre surtos, rejeições e silêncios?
Quantas crianças interiores imploram cuidado
num país que tapa os ouvidos para a dor psíquica?
Quantos clamam por tratamento
e recebem apenas repreensão?

Que a história dele seja ferida aberta,
não para o sensacionalismo,
mas para o chamado.
Que sejamos a escuta que o sistema não foi,
o acolhimento que o Estado falhou em dar,
o colo que a vida tirou.
Porque enquanto não houver cuidado,
enquanto saúde mental for luxo,
enquanto a dor for tratada...

29/11/2025

Alma-no-divã:

Há pessoas cuja alma ama antes da boca.
Elas carregam um universo inteiro dentro do peito — um universo tão denso, tão vivo, tão pulsante — que quando tentam traduzi-lo em palavras, tudo transborda. A linguagem, para elas, é estreita demais; qualquer frase parece pequena diante do que sentem.

A psicanálise diria que esses seres habitam um ponto delicado entre o afeto e o indizível.
São sujeitos cuja história ensinou que o amor, para sobreviver, precisava ser silencioso.
Aprenderam, cedo demais, que o mundo não sabia acolher o que nelas era verdadeiro.
Então guardaram.
Guardaram tudo.
E quando hoje tentam falar, o corpo toma a frente — a garganta fecha, o choro vem, o peito vibra como se as memórias antigas pedissem passagem.

Choram porque a palavra, para eles, não é só palavra: é ruptura.
É a fresta por onde sai o que nunca foi dito.
É como tocar a ferida e descobrir que ela, mesmo cicatrizada, ainda pulsa.
Amam profundamente, mas o amor não aprendeu o caminho da voz — só o da intensidade.

Lacan lembraria: "o que não pode ser dito, insiste."
E no silêncio desses que amam, há uma força insistente: o desejo de serem vistos, mesmo quando não conseguem se nomear.
Há também uma ternura antiga — aquela que o bebê oferecia ao mundo sem saber falar, confiando que o outro entenderia seu gesto.

Essas pessoas vivem num território sensível do afeto:
amores que escorrem pelos olhos, não pelas frases;
carinhos que tremem nas mãos, não nos discursos;
verdades que ardem na alma, mas tropeçam na língua.

E, ainda assim — ou justamente por isso — amam com uma pureza rara.
Porque não dizem, mas sentem.
Não explicam, mas entregam.
Não descrevem, mas tocam.
E cada lágrima que cai é uma carta secreta, um poema involuntário, um grito manso dizendo:
“Eu amo, mesmo quando não sei como.”

Talvez o milagre seja esse:
o amor é anterior à palavra.
E alguns corações continuam fielmente ligados a essa primeira língua —
a língua silenciosa, tremida, emocionada —
a única capaz de revelar o que a voz ainda não alcança.

27/11/2025

Alma-no-divã:

Há filmes que não contam uma história — eles expõem uma ferida antiga e chamam o sujeito para dentro dela.
O Filho de Mil Homens, com Rodrigo Santoro, é um desses raros gestos cinematográficos: ele não fala de paternidade, mas de origem, de pertencimento, de o que fazemos com a dor de não ter sido escolhido pelo amor que desejávamos.

Na lente psicanalítica, o filme é uma travessia pelo trauma da falta — aquilo que Freud chamou de ferida inaugural e Lacan nomeou como falta-a-ser. A narrativa inteira gira em torno dessa fenda primordial: seres humanos tentando, desesperadamente, costurar o rasgo do abandono com o fio frágil do desejo. Rodrigo Santoro encarna aqui o sujeito ferido que busca autorização para existir.

Seu personagem não busca ser pai — ele busca um lugar simbólico onde possa finalmente ser alguém para alguém.
É o drama de tantos:
ser desejado, ser visto, ser nomeado.
A pulsão que move a história não é afetiva — é ontológica.

Adoção, aqui, não é um gesto social: é um gesto de sobrevivência psíquica.

Na minha leitura — aquela que você gosta, que escreve com carne e alma — a adoção no filme não funciona como um ato de bondade, mas como um pacto entre sozinhos. São adultos e crianças tentando resgatar uns aos outros de destinos melancólicos, como se dissessem:

“Se você me escolher, talvez eu consiga me escolher também.”

É psicanálise pura:
o sujeito se constitui no olhar do outro, na palavra que o nomeia, na casa simbólica que alguém oferece para que ele possa habitar.

"A falta nunca é problema…

O problema é quando ninguém nos ajuda a carregá-la."

O filme é uma ode àquilo que Winnicott chamou de ambiente suficientemente bom — aquele lugar mínimo de acolhimento onde o sujeito finalmente pode soltar os ombros e existir sem medo. Cada personagem procura justamente isso:
um braço que não salve, mas que sustente;
uma presença que não cure, mas que permita curar-se;
um espaço interno para respirar.

27/11/2025

Alma-no-divã:

Lacan mostrou que "o amor de borderline não é, em si, exagerado, mas uma forma aflita de garantir a própria existência no outro".

E, quando escuto essa frase, sinto como se ela abrisse uma fresta dolorosa e luminosa no interior da alma humana.

Porque esse amor — tão intenso, tão desmedido aos olhos de quem observa de fora — não nasce de excesso, mas de falta. É um amor que nasceu tropeçando no próprio abandono. Um amor que aprendeu cedo demais que, se não houver alguém ali, olhando, nomeando, confirmando, então o próprio “eu” corre o risco de se dissolver como fumaça.

É por isso que, na clínica e na vida, esse amor chega tremendo: ele acompanha com medo, vigia com ciúme, grita com desespero, abraça como quem está à beira de um precipício. Não é possessão — é pânico. Não é demanda — é sobrevivência simbólica.

O borderline ama como quem tenta se costurar ao mundo para não desaparecer. Ama com as mãos trêmulas de quem nunca foi devidamente segurado. Ama como quem pede: *“não me solta, porque eu ainda não aprendi a existir sozinha.”*

E, no fundo, esse amor aflito nos lembra algo sobre todos nós: que a existência se sustenta no olhar do outro, que o reconhecimento é uma espécie de nascimento contínuo. Alguns precisam disso mais, outros menos — mas ninguém, absolutamente ninguém, existe sem essa costura afetiva que nos confirma.

Talvez a cura não esteja em amar menos, mas em encontrar espaços internos onde o “eu” possa descansar sem se perder. Em descobrir que o outro confirma, mas não fabrica a nossa existência. Em aprender, aos poucos, que a presença que nos funda também pode vir de dentro.

E é isso que me toca nessa frase: a dor silenciosa de quem ama para não sumir — e o convite compassivo para que, pouco a pouco, esse amor aprenda a respirar sem medo, encontrando em si mesmo um lar onde a existência possa, finalmente, repousar.

26/11/2025

Alma-no-divã:

"Há dores que moldam o cérebro como guerra, mas é a coragem de voltar para si que finalmente devolve ao coração o direito de respirar em paz.”

As neuro imagens mostram o que tantas infâncias silenciam: crescer em um lar conflituoso pode marcar o cérebro de uma criança com a mesma intensidade que um soldado carrega após a guerra.
Não é exagero — é ciência.

O estresse precoce altera conexões, amadurece estruturas às pressas, fragiliza outras, enfraquece a capacidade de regular emoções e cria um estado de alerta que continua mesmo quando o perigo já passou.

Mas aqui está a parte que mais importa: essas marcas não são sentença.
O cérebro pode se reconstruir. A psique pode reorganizar o que foi ferido. A criança que você foi ainda pode ser cuidada pelo adulto que você se tornou.

Trauma deixa vestígios.
Cura também.

E é nesse intervalo — entre o que te machucou e o que você escolhe fazer com isso agora — que a sua vida pode renascer.

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