25/11/2025
há alguns dias, vivi algo que a prática clínica sempre faz questão de lembrar: no autismo, não existem caminhos prontos. há dias em que a música encontra a criança com facilidade, quase como se já estivesse esperando por nós, mas também há dias em que ela precisa chegar devagar, depois de silêncio, acolhimento e presença.
nesse processo, percebo que a música não se impõe. ela se aproxima quando há espaço, quando o corpo se sente seguro, quando o vínculo permite.
às vezes nasce no som; outras, nasce no olhar, no gesto, na calma de simplesmente estar junto.
no autismo, cada encontro tem seu próprio tempo de escuta e é nesse tempo que a música, aos poucos, se revela como relação, e não apenas como som.
nossas vivências mostram que o autismo não é uma única linguagem. são universos singulares que podem compartilhar o diagnóstico, a faixa etária ou o nível de suporte, mas jamais se repetem.
na musicoterapia, cada criança nos ensina que é preciso respeitar seu tempo, sua maneira de sentir o mundo e seu jeito de dizer “sim”, às vezes com a voz, às vezes com o corpo, às vezes com o silêncio.
“ a arte maior é o jeito de cada um.”