22/10/2025
O ETIP, edema tardio intermitente e persistente, é uma reação inflamatória que pode surgir semanas, meses ou até anos após o uso de ácido hialurônico. O inchaço aparece e desaparece, sem padrão definido, e costuma ser desencadeado por infecções virais, vacinação, trauma facial ou alterações hormonais.
Por não ter relação direta com infecções ou alergias alimentares e medicamentosas, o ETIP pode passar despercebido. Os sintomas persistem enquanto o ácido hialurônico estiver presente nos tecidos e, por isso, muitas vezes não respondem a anti-histamínicos ou corticoides.
Um estudo brasileiro (Cavallieri et al., 2017) publicado na revista Surgical & Cosmetic Dermatology avaliou 33 pacientes com esse padrão de inchaço tardio. Todas tinham histórico de preenchimento facial e apresentavam edemas recorrentes, de difícil controle. O ultrassom de pele foi essencial para identificar a presença do ácido hialurônico e direcionar a conduta.
Recentemente atendi uma paciente com quadro de edema peripalpebral persistente há mais de três semanas. Já havia passado por três médicos, feito uso de antialérgicos e corticoides, mas sem nenhuma melhora. O inchaço começou cerca de uma semana após um resfriado, e a suspeita inicial era de alergia medicamentosa. Mas ao avaliá-la, sinalizei que não parecia um quadro alérgico comum e que precisávamos investigar melhor. O ultrassom revelou ácido hialurônico na região, mesmo após mais de um ano do preenchimento. Com a aplicação da hialuronidase, o quadro foi resolvido.
Esse tipo de manifestação não é um diagnóstico final, e sim um sinal de alerta. Quando o edema é recorrente, resistente ao tratamento e acomete áreas como pálpebras, lábios ou sulcos, é preciso considerar causas menos óbvias e contar com o apoio de outros especialistas para entender o que está acontecendo.
Fica aqui o alerta: nem todo inchaço é alergia. E o olhar atento de um especialista pode evitar tratamentos ineficazes e trazer respostas mais rápidas ao paciente.