19/10/2024
O silêncio e a observação: a arte do crescimento interno
O silêncio, antes de ser uma ausência, é uma presença que nos ensina. Nele, mora o espaço necessário para ouvirmos o que não está dito, para percebermos as palavras que o corpo sussurra e as emoções que fluem, muitas vezes, tão sutis que mal as notamos. A observação, por sua vez, é como um espelho. Não o de vidro, que reflete apenas o que está diante dos olhos, mas o espelho que revela camadas: da pele, da alma, do tempo.
Esses dois movimentos, o de silenciar e o de observar, são mestres silenciosos. Juntos, eles têm o poder de transformar quem somos, de criar uma relação mais íntima entre o que vemos e o que sentimos, entre o que percebemos no mundo e o que se reflete dentro de nós. São práticas que, embora simples, exigem uma entrega profunda e uma coragem rara – a de olhar para dentro com honestidade.
Ao cultivar esse espaço interno, algo mágico acontece. A forma como enxergamos o mundo ao nosso redor começa a mudar. As cores se tornam mais vibrantes, as sombras mais sutis. Pequenos gestos, antes invisíveis, ganham um novo significado. E assim, o que estava oculto se revela, o que estava quieto ganha voz. Esse movimento de dentro para fora abre espaço para uma nova leitura – não só das experiências, mas também dos sintomas que o corpo nos oferece.
Os sinais que, num primeiro olhar, chamamos de doença, passam a ser compreendidos como uma linguagem própria, uma comunicação entre o corpo e a alma. O corpo fala, e, se ouvirmos com atenção, podemos perceber que o que chamamos de desequilíbrio é, muitas vezes, um pedido. Um pedido de pausa, de acolhimento, de mudança. É o corpo apontando um caminho de volta para o centro, para o eixo que, quando ajustado, traz não só a cura, mas uma nova forma de habitar o mundo.
E é nesse encontro entre o olhar interno e a escuta do corpo que a verdadeira cura começa. Porque, às vezes, é preciso parar de lutar contra a doença e começar a escutar o que ela tem a nos ensinar.