27/02/2018
Mensagem enviada por e-mail para psiwany@gmail.com - Wany Gama Martins - Psicologa CRP 05/10450
Estou muito triste, me sentindo sozinho e desamparado
“Num país dividido entre poucos ricos e muitos pobres, a forma de promover justiça social não pode ser apenas o assistencialismo” José Serra
Não é fácil se manter num emprego recebendo menos de mil reais por mês, sofrendo de depressão, ansiedade e problemas hepáticos, não consegui tratamento adequado, ter que pagar aluguel, andar a pé, ver a família em situação difícil e não poder ajudar, não ter uma companheira nem ninguém pra se apoiar, já que tudo gira em torno do dinheiro, ser discriminado por causa da classe social, ouvir coisas do tipo: ”está se fazendo de vítima, não quer trabalhar e não estuda porque é vagabundo, preguiçoso”. Mas ninguém imagina pelo que eu já tive que passar nessa vida e o quanto tenho suado para não ficar sem um teto e ter o que comer.
Como se não bastasse quando eu mais precisei faltou segurança pública, saúde, assistência social de qualidade e educação. Hoje com 28 anos eu poderia até procurar meus direitos, correr atrás, mas se falto sequer um dia no serviço sou mandado embora. O máximo que tenho conseguido ficar nos empregos é 45 dias porque ninguém quer um depressivo na empresa, eles acham que é prejuízo, por mais que eu me esforce, não consigo ser tão ágil, atento e comunicativo como eles exigem.
Várias vezes fui ao posto de saúde e disseram que meu problema necessita de especialista, remédio não podem receitar, encaminhamento demora e quando chamam não tem psiquiatra, ou não posso faltar no serviço já que dependo para me manter.
Quando eu era criança passava fome porque meus pais não tinham condições de me sustentar, não tinha nem um par de tênis pra ir a escola, morria de vergonha, ainda era discriminado até pelos professores, ouvia coisas do tipo: “Ser pobre tudo bem mas ser sujo?!” Ainda apanhava dos colegas porque não queria fazer as coisas erradas que eles faziam. Não saí do fundamental porque realmente não tive como estudar.
Se pelo menos alguém me amparasse com moradia e alimentação naquela época pra que eu pudesse estudar, fazer tratamento e correr atrás dos meus diretos eu mudaria de vida. Não custa muito pra alguém que tem condições, é só ser solidário e acreditar numa pessoa empreendedora que acredita no futuro. Porém não espero ajuda, estou lutando, meu sonho é limpar meu nome que está no spc e comprar uma moto para ter mais mobilidade, poder trabalhar com entregas e assim ter mais tempo pra pelo menos estudar e sair dessa situação.
Não vejo saída pois gasto cerca de 11 horas e meia por dia dentro da empresa que trabalho, quase 3 horas no trajeto andando a pé porque preciso economizar o vale transporte pra comida, faço isso sete dias por semana, quando chego em casa não consigo estudar de tão cansado e debilitado que estou devido a depressão e a jornada exaustiva, sinto constantemente uma ansiedade terrível, uma vontade de vomitar, dor de cabeça e coceira pelo corpo, sem contar que quando é meu dia de folga ainda trabalho até meio dia sem receber mais por isso. Claro que ainda é melhor do que morar na rua, mas não sei até quando terei forças pra continuar.
Contudo me mantenho forte pois creio naquele que é justo e nunca abandona!
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 1 Coríntios 2:9
marciofind@gmail.com
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