25/02/2024
Saúde para ela e para você. A favor do de vocês, tem a sua poética. Ensinar os outros a olhar o mundo com mais profundidade, beleza, perdendo-se nos detalhes aparentemente inúteis da existência... é uma bonita qualidade rara. Dessa forma fale com ela a beleza de seu amor que você expresse em versos, dê parabéns por nós e principalmente se desculpe tentando melhorar a chatice, mas lembrando que como disse Clarice Lispector: um defeito às vezes sustenta o universo inteiro da personalidade porque o outro lado da chatice é aprender a encontrar Deus nos pequenos detalhes (e o diabo também).
E, sobre a homenagem e o Via Edna Barbosa: Quando alguém querer me desacreditar do Amor que sinto e espero em minha vida ....Direi a mim mesmo..O Carpinejar sabe do que estou falando..
Eu Acredito no AMOR..
Parabéns a vocês dois..ao Encontro de Almas..
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LEALDADE
Fabrício Carpinejar
Minha esposa faz aniversário neste domingo (25/2).
Beatriz é Lealdade. Nunca tinha experimentado uma cumplicidade tão tocante. Eu não preciso pedir para ela guardar segredo quando relato uma confidência. A confiança é inata, automática.
Ela possui uma virtude rara: o dom do discernimento, de escolher o que pode ser passado adiante e o que deve permanecer entre nós. Não preciso temer vazamento de dados do meu coração.
Sendo mineira, ela não conta aos outros as novidades felizes para não gerar inveja, e tampouco conta as nossas maiores dores para não gerar pena. Em ambos os casos, é túmulo que me ressuscita e me põe a acreditar na eternidade do amor.
Às vezes, ela chefia um complô com os meus melhores amigos, Zé e Corso, para que eu cuide mais da minha saúde. Como a causa é nobre, eu lhe perdoo.
Ela me ama mesmo, porque quer que eu viva mais. Poderia ser uma viúva linda, jovem, inteligente, rica e sem o reboque de me aguentar, mas permanece escolhendo o meu ronco e a minha mania de limpeza. O amor é algo incompreensível.
Nossas implicâncias são divertidas, a ponto de ela conseguir a proeza de eu me desculpar pela minha chatice. Nunca admiti isso antes. Só ela arrancou do meu orgulho estas palavras difíceis:
— Desculpa, estava chato naquele dia.
Ela tira proveito da minha franqueza:
— Somente naquele dia?
Beatriz é culta. Lê cinco jornais, escuta podcasts enquanto dirige, usa as suas folgas da advocacia para se informar. Odeia os livros inacabados na cabeceira.
Assim como flerta com a literatura, a arte e a moda, ela me impressiona porque conhece de cor todas as letras de música imagináveis. Não sei quantas reencarnações ela já teve. Pode tocar samba, que ela sabe. Pode vir pagode, que ela sabe. Pode baixar funk, que ela sabe. Pode ser rock, que ela sabe. Parece que cursou uma universidade cancioneira à parte.
Já me arrebatou no início do relacionamento quando mostrou, de modo inesperado, que dança frevo, lambada, tango.
Não duvido que seja uma agente secreta de Deus em meu destino. Eu a amo por tudo o que conheço dela, e por tudo o que desconheço dela — vou me surpreender ao longo do tempo.
Publicado em GZH, 25/2/24.