29/12/2021
Feminicídio
2021 está acabando, e falta menos de 10 dias para que o ano termine, todos nós vamos nos reunir para uma grande festa, o réveillon, nesta época, fazemos vários pedidos para o próximo ano, saúde, paz, prosperidade, sorte, amor, e muitos outros, mas eu, brasileira e capixaba, olhando as estatísticas deste ano no meu estado, vi que enterramos este ano, pelo menos mais 28 mulheres, vitimas de seus próprios parceiros, companheiros, homens que um dia, se aproximaram delas, jurando amor, e que, no inicio, essas mesmas mulheres, os receberam como a um presente, fico me perguntando, quantas datas de ano novo, elas pediram um amor, ou sorte no amor. Mal sabiam elas, que, no ano em que esses homens se aproximaram delas, gotejando mel de seus lábios, seria o principio do fim.
Certa vez alguém me perguntou como combater o feminicídio, e eu respondi: Não podemos trata-lo, apenas como uma ferida social, visto que, o feminicídio está entranhado em nossa sociedade, como um câncer, já que, ele está na mente do nosso povo, temos que olhar para a saúde mental de todos e bombardear com uma quimioterapia, de novos pensamentos, um novo conceito, que devemos implantar desde a maternidade dos novos homens, passando pelo ensino infantil, ensino fundamental, médio e superior, devemos propagar um novo olhar sobre essa temática, por todas as facetas da vida, seja nas ruas, nas escolas, nos mercados, nas igrejas, trabalhos, ou lazer, pois até aqui, não temos visto o feminicídio como um câncer de pele, ficamos tratando apenas da ferida, que são nossas mulheres mortas.
Para exemplificar o que falo, compartilharei com vocês uma experiência. Acompanhando as mulheres mais de perto, percebi que, temos mais mulheres mortas do que pensamos, pois, o que enterramos são mulheres mortas fisicamente, mas temos mulheres que estão quase mortas psiquicamente, pois essas precisarão de uma unidade intensiva de tratamento (UTI) de acolhimento, porque sozinhas, elas jamais, conseguirão sair desta teia cultural que foram envolvidas, a ideia de posse imposta pelo machismo, está por toda parte, e não somente em poder de seus parceiros, mas também, pelos filhos, seus pais e pasmem, até mesmo de outras mulheres que aplaudem atitudes machistas imposta por nossa sociedade, certa vez, recebi a queixa de uma mulher que dizia ter muitas dores e ao encaminha-la, para um terapeuta homem, está mulher foi duramente criticada, pelo seu marido e pelo seu filho, poderia aqui desfiar inúmeros exemplos para vocês, mas não é esse o meu foco, meu objetivo aqui é mostrar que, se não olharmos, para o feminicídio, na sua origem, vamos ficar somente tratando das feridas, que são as mortes, é preciso, implantarmos uma UTI de acolhimento urgente, para que possamos trabalhar, com mudanças quimioterápicas de pensamentos, afim de erradicarmos a ideia de mulher como propriedade, e trazer garantias a nós mulheres, não somente, um novo ano, mas, também o direito de sermos parceiras, companheiras e acima de tudo, olhadas com igualdade, como ser humanas que somos, e jamais como objeto dos homens, este é o meu pedido de feliz ano novo, por uma sociedade melhor, onde nós mulheres, não precisaremos mais lavar com sangue, a vontade de posse, de um homem, é preciso lembrar, que as mulheres, são geradoras de vidas, e é preciso, entregar as mulheres, sua carta de alforria, e lembrar a nós mulheres, e aos homens, que a mão que balança o berço é a voz que governa o mundo, não só para nós mulheres, mas para todo o ser humano, que pode balançar um berço, tanto mulheres quanto homens, somos seres iguais, deixo aqui, para o ano de 2022, um pedido de respeito, a nós Mulheres.