27/01/2016
Previsão do Futuro
O desejo de conhecer o futuro persegue a humanidade desde sempre. Especialmente quando os tempos f**am difíceis e/ou alguma catástrofe pessoal se abate sobre nós.
É terrível lidar com a perda, com o luto, com o medo e com a ansiedade. Assim, buscamos respostas onde quer que elas possam estar. Não estamos preparados para enfrentar as incertezas da existência humana. Medo do desemprego, de perder o companheiro, dos filhos não se formarem, dos preços aumentarem etc...
Além de tudo isso, o maior de todos os medos, aquele que nos acompanha desde que nascemos e gritamos por alimento e ele demora a vir – o medo inexorável da morte, Quando e onde deixaremos de existir nos assombra, nos atormenta. Queremos ter uma vida longa e gostaríamos que isso fosse logo revelado.
Não é fácil constatar que não podemos controlar tudo e a todos. Que muitas informações sobre nossa vida, só teremos acesso, quando de fato elas acontecerem.
É preciso, antes de mais nada, aceitar que nem tudo, aliás, muito poucas coisas, acontecem de acordo com nos desejos e desígnios. Nossa vontade é soberana, mas até certo ponto. Temos o poder de mudar nossas vidas, mas temos que fazer muito esforço para isso. Não é assim tâo fácil.
Mas o problema é que quando deixamos de confiar em nós mesmos. Passamos a apelar para oráculos duvidosos e práticas adivinhatórias com a finalidade de aplacar o medo e ansiedade frente a um futuro incerto, que muitas vezes, conspira contra nós.
Perdemos, então, a capacidade de acreditar no poder de nosso pensamento, inteligência, intuição, reflexão, decisão etc... Delegamos a outro ou outros, a decisão sobre o que é melhor para nós.
Milhões, quem sabe bilhões, de pessoas no mundo lotam as salas dos ditos profissionais da futurologia, perpetuando conhecimentos milenares, que nem sempre têm respaldo na ciência atual ou mesmo no senso comum do mundo de hoje. Nem sempre o que era falado ou praticado no passado, pode ser considerado verdadeiro, científico, lógico ou coerente nos tempos atuais. As coisas mudam e agora cada vez mais rápido.
As artes divinatórias ou adivinhatórias não morreram, porque elas funcionam de alguma maneira. Porque as coisas iriam se encaminhar da maneira esperada ou ainda, porque não contabilizamos aquelas que não saem como era de se esperar, para o bem ou para o mal.
Mas de certo modo, elas trazem em si, algum conforto e a crença de que tudo tem alguma forma de previsão, que não estamos perdidos, sem a proteção de ninguém. Alguém tem o poder de ver aquilo que gostaríamos de saber e isso, aplaca nossa angustia frente ao desconhecido.
Toda adivinhação atua como uma forma de busca do equilíbrio das emoções. O destino, por sua vez, fala de uma necessidade fundamental do homem de acreditar em deuses, nas forças da natureza ou ainda, nas estrelas. Crer que algo nos está reservado, se não aqui, quem sabe, em outra vida ou em outra dimensão. Isto nos equilibra, nos tranquiliza, nos faz sentir como se pertencêssemos a alguma coisa, a algum lugar.
O acaso, ao contrário, nos lembra a todo o momento, de todas as incertezas que estão presentes no mundo frenético de hoje em dia. Que há uma dimensão de nossa existência que não temos acesso, que não está associada a relações de causa e efeito que tanto queremos acreditar. Que as coisas na realidade, tanto podem ser como não ser. Podem acontecer, acidentalmente, incoerentemente, sem sentido lógico ou matemático ou ainda, de forma ilusória ou fantástica.
Tanto a busca científ**a quanto as crenças religiosas podem ser tentativas de aplacar a sensação incômoda da instabilidade e de falta de fundamento do mundo e da vida humana. Um dia, estamos bem e com saúde, no outro, um futuro negro nos acomete.
Os discursos sobre o destino ou sua previsão, nas formas científ**as ou religiosas servem, no entanto, para uma finalidade conjunta, a de eximir o homem de sua responsabilidade por suas ações.
Com tudo previamente determinado, não precisamos de certa forma, de nos preocupar com os rumos de nossas escolhas. Não precisamos nos implicar. Elas estão previamente determinadas. E quando dão certo louvamos o destino, nossa capacidade e competência para fazê-las e, se não dão certo, sempre podemos culpar o outro, o azar e o destino, é claro.