08/04/2022
Cada vez mais recebo pacientes que chegam preocupados com seu risco de diabetes, ao trazer exames de sangue na faixa de “pre-diabetes”. 👉De fato, diretrizes internacionais, como a da Associação Americana de Diabetes, consideram, entre outros fatore, que glicemia de jejum entre 100-125 ou Hemoglobina Glicada entre 5,7-6,4% entraria no critério de pré-diabetes. No entanto, nos EUA, mais de 30% da população adulta teria esse diagnóstico! 👉Nesse contexto, devemos entender que dentro dessa classificação existem indivíduos com riscos de diabetes muito distintos e diante disso, devemos também ter condutas distintas. 👉Por exemplo, alguns (como a própria OMS) consideram como maior risco glicemias acima de 110 e HbGlicada acima de 6,0%, mas não são só números. Pessoas ao redor dos 40 anos e com pré-diabetes tem mais risco de evoluir para diabetes que pessoas acima de 60 anos; história de diabetes gestacional ou familiar de diabetes é risco maior; ter outras alterações metabólicas que sugerem resistência à insulina também (triglicérides alto, aumento de enzimas hepáticas, etc). Acompanhar a evolução dos exames ao longo dos anos nos ensina muito também👉Há também evidências que até 1/3 das pessoas com algum exame de pre-diabetes pode normalizar essa alteração espontaneamente. 👉Assim, há muitas situações em que mesmo com exames de pré-diabetes, a conduta é mais simples, como melhora na alimentação e exercício; outras vezes há foco maior em perda de peso; outras pode se considerar medicações como metformina. 👉Mas a decisão é sempre baseada no todo e no risco real, e vejo muita gente extremamente preocupada com o risco de diabetes por alterações discretas (principalmente em glicemia de jejum isolada) e fazendo tratamentos desnecessários! 👉Mas lembro que o risco do “pré-diabetes” não é somente o de ter diabetes: deve também ser avaliado o risco cardiovascular geral, associado à resistência à insulina! 👉A conclusão é que dizer a alguém que tem “pre-diabetes” diz muito pouco: é preciso entender todo o contexto antes de propor um tratamento, seja ele qual for! Ref: Davidson. A reappraisal of prediabetes. JCEM 2016