03/12/2025
Profissionais que trabalham com casais precisam, cada vez mais, ampliar o olhar sobre o amor — não esse amor idealizado, romantizado e cheio de expectativas irreais.
Esses três livros abordam a necessidade de desmontarmos a ilusão do amor romântico para, enfim, construir relações reais — onde existam duas pessoas inteiras, e não performances de amor idealizado.
▶️ Descolonizando afetos da nos lembra que o amor não nasce puro: ele é profundamente atravessado por cultura, gênero, raça e pelas estruturas que moldam a forma como aprendemos a desejar e sermos desejados. Esse livro desloca o amor da fantasia individual e o coloca no mundo real, revelando como muitos conflitos dos casais são, na verdade, efeitos de uma educação afetiva marcada por desigualdades e expectativas colonizadas. Ele nos convida a enxergar aquilo que não foi nomeado — aquilo que muitas vezes aparece na clínica como dor, cobrança, frustração ou desencontro.
▶️ Em Sintomas, abre espaço para pensar sobre como carregamos dores que não cabem só em palavras. Ela mostra como muitos dos sofrimentos que atravessam as relações são manifestações de histórias não ditas, de silenciamentos, de expectativas que implodem dentro do corpo. Sua escrita expõe como as mulheres, sobretudo, foram educadas para se apagar enquanto cuidam do outro — algo que aparece com muita força na terapia de casal, quando cada um chega com um acúmulo de não-ditos que vira sintoma compartilhado.
▶️ E então chegamos a , em A gente mira no amor e acerta na solidão. Talvez um dos livros mais importantes para desfazer a fantasia de que o amor deveria resolver tudo. Ela nos lembra, com muita delicadeza e verdade, que antes de amar o outro, precisamos sustentar um encontro fundamental: o encontro com nós mesmas.
Somos seres que precisam — e merecem — aprender a ficar na própria companhia, a lidar com o próprio vazio e a reconhecer o próprio desejo.
Porque só quando somos capazes de estar com a nossa própria solidão é que podemos escolher o outro a partir da liberdade, e não da carência.
A partir do desejo, e não da tentativa de suprir um buraco emocional.