18/07/2022
Como a sociedade e seus cidadãos veem a velhice?
Uma das grandes questões desnorteadoras para os mais velhos é a fase da improducao econômica, como se o sentido da vida fosse se esvaindo aos poucos junto com a visibilidade e a importância social. Uma época de perdas. Perdas físicas, econômicas (muitas vezes) e sociais.
Nesse trecho do livro: A Velhice - da autora Simone de Beauvoir temos um retrato desse episódio:
“Os velhos que não constituem qualquer força econômica não têm meios de fazer valer seus diretos: o interesse dos exploradores é o de quebrar a solidariedade entre os trabalhadores e os improdutivos, de maneira que estes últimos não sejam defendidos por ninguém”
E nós como indivíduos, como encaramos a velhice? Colaboramos para a conspiração do silêncio sobre o nosso próprio envelhecer?
Nossa identidade sempre é pensada na nossa juventude, a velhice nos trás uma imagem de desgraça, decadência física, as mudanças acarretadas pelo envelhecimento nos assusta aos olhos, fugimos dessa visão! Tornamos invisível. Preferimos pensar que “aquilo” não irá acontecer com nós, a velhice só atinge os velhos, somos jovens. E assim a sociedade como um todo nos impede de ver nos velhos nossos semelhantes. Nos velhos está a metáfora de nossa extinção como humanos.
Chegou o momento de pararmos com essa auto trapaça. O sentido da nossa existência é a questão no futuro que nos espera. Como saberemos quem somos agora ignorando o que seremos? Que rompimento temporal é esse que cometemos contra nós mesmos?
Que sejamos capazes de reconhecer nossa condição humana, de nos reconhecer “naquele velho” e “naquela velha”. Que encontremos e lutemos pelo reconhecimento do velho em nossas coletividades, nos diz respeito, somos nós os interessados.