20/10/2022
[Nia]
Aos 19 anos, em meio a loucura do vestibular e a vivência juvenil, eu descobri uma gestação.
Uma descoberta tardia até, com 24 semanas e no meio da gestação e do caos, eu tinha um único medo, meu parto.
Talvez por maternidade compulsória, talvez por uma vontade de ser mãe no futuro, eu sempre pesquisei sobre, então já tinha consciência do quanto o cenário de parto do nosso país era bizarro.
Um dia, por toda sorte do mundo (pois já teve anos que ela faltou por conta de partos que vi) conheci minha doula em um evento feito para ajudar mães nessa caminhada gestacional (pense em uma mega educação perintal coletiva, em um fim de semana, pois bem!).
Conversei, chorei, contei meus medos, fui acolhida e comecei minha Educação perinatal.
Hoje quando falo da minha experiência de acolhimento para terceiros/as/es, sempre escuto o quão absurdo é "Pq ninguém gosta de parir", "Impossível gostar de sentir dor", "você é louca", mas não, eu só tive a sorte de ser acolhida, de me entregar ao processo da melhor forma que pude e com as palavras mais sinceras.
Mediante a isso quando me formei, resolvi fazer por outras oque minha doula teve a bondade de fazer por mim, acolher, olhar pra uma menina, nova, vulnerável, mas com vontade e fazer um ninho de conhecimento e conforto pra sua tão esperada hora.
O Nia nasceu da defasagem que os médicos ainda tem ao se tratar de meninas novas em trabalho de parto, nasceu do julgamento verbal feito a meninas novas nesse momento e da mudança que o aconchego trás.