04/04/2023
Somos fluidos. Bem antes de nos entendermos como carne e osso, fomos fluidos. Somos a poesia da respiração das estrelas que explodiram e do pó ressurgimos em pele. Somos os áto- mos de toda a humanidade, dos vírus à baleia-azul, do ar que respiramos ao sapato que calçamos. Somos o solo onde pisamos, a crosta que flutua sobre o manto de rocha liquefeita que forma o interior da Terra, os outros planetas do sistema solar, os planetas das 100 bilhões de estrelas da Via Láctea, ape- nas uma entre as 400 bilhões de galá- xias do universo visível. Todos estes átomos de estrelas que explodiram são poesia escrita na nossa pele. Somos desenhos há milhões de anos em uma caverna, somos raízes de uma conexão milenar que flui pelo rio, abrindo cami- nho, abrindo fendas, brechas de respiro. Somos vida cíclica, vivendo, morrendo e vivendo. O Sol, as estrelas, a Lua e tudo em nós e nas menores criaturas, células, líquidos, respiro, se expandem, relaxam, agitam, hesitam, minguam e se agitam novamente. Em nossa história tudo se expande desde o mais simples até o maior, e crescemos e morremos junto aos corpos terrestres e celestes. Conec- tados, fluindo, evoluindo e voltando para o que é milenar. Tudo o que morre é por- que alguma vez nasceu.
Renata Stein