10/11/2025
Quantas vezes nos atendimentos já ouvi frases como essa:
“Cresci vendo meus pais brigarem, mas nunca se separando. Então, você pode me tratar mal e eu ainda ficarei.”
Saiba que quando o amor vem acompanhado de conflito, o cérebro aprende que carinho e dor podem andar juntos.
Na infância, a criança observa que, mesmo em meio às brigas, as pessoas continuam ali.
E sem perceber, cresce acreditando que permanecer é uma prova de amor e que desistir é abandono.
Com o tempo, esse aprendizado vira uma forma automática de se relacionar.
A pessoa se acostuma com vínculos instáveis, com afeto condicionado, com o medo de perder se colocar limites.
Tolera o que machuca porque aprendeu que ficar é o que mantém o amor vivo.
Mas na verdade, esse tipo de permanência não é amor.
É sobrevivência emocional.
É o corpo tentando recriar o que um dia foi conhecido, mesmo que tenha sido doloroso.
É o cérebro buscando previsibilidade, não felicidade.
A terapia ajuda a reconhecer essa repetição silenciosa e a reescrever o significado de amor, segurança e presença.
Aos poucos, o que antes era resistência em ir embora se transforma em coragem para escolher relações que não exijam se anular.
Aprender a ir embora do que fere também é uma forma de amar.
Desta vez, a si mesmo.