14/02/2022
O vício da ira, assim como a luxúria, se desenvolve sobre um apetite sensível natural ao nosso ser.
Enquanto a luxuria diz respeito à uma falha em opor-se ao apetite concupiscível (ao conveniente, mais fácil de ser obtido, e de modo especial ao prazer sexual) o vício da ira refere-se à falha em refrear o apetite irascível, que tem por objetivo lutar contra tudo que se oponha aos nossos desejos.
Para iniciar o exame de sua consciência em busca deste vício, pode ser interessante começar pelo exame de seu coração – literalmente falando.
Sto. Tomás de Aquino notou que alguns autores faziam uma correlação literal da ira com a pulsação e o fluxo de sangue cardíacos. E convenhamos, quem não sente o coração bater forte ao irritar-se? Então se pergunte:
- Por acaso alguma coisa aumentou seus batimentos e/ou sua pressão sanguínea?
- Se sim, isso me despertou pensamentos vingativos?
- Este sentimento obscureceu de certo modo a sua razão?
- Essa emoção acabou resultando em algum ato injusto?
Tal como a própria luxuria a ira também traz consigo sua prole nefasta e esta por sua vez, se impregna em nosso ser sem que nos demos conta, tamanha a obscuridade que este vicio traz à razão. Esta prole é formada por:
Contenda, inchaço da mente, insultos, algazarra, indignação e blasfêmia.
Mas cuidado!
Assim como nem tudo que reluz é ouro, nem todo ato ira é um ato vicioso.
Diante de uma grande injustiça o NÃO irar-se pode ser uma falha na virtude da justiça, por exemplo. É justamente este apetite irascível que nos auxília a enfrentar grandes desafios, superar barreiras e travar batalhas pelo que é bom e correto.
Para não se tornar uma pedra de tropeço este apetite, assim como todos os demais, precisa estar alinhado à uma reta razão.