Entre o analista e o analisante
Acima, a família Freud. E cá estamos nós, entre os laços que nos unem, graças à este senhor em pé, de cabelo preto e repartido e com a mão apoiada sobre uma cadeira. Sigmund Freud apostou na possibilidade de elaboração do que é íntimo (ics) a cada sujeito. Que golpe ele registrou na humanidade quando trouxe para a ordem do dia a emergência do inconsciente! Não somos senhoras ou senhores em nossa própria casa, disse ele. Depois de Freud, a psicanálise passou por modificações, é claro. Por exemplo, ao revisitar a biografia e a obra de Freud, o psicanalista francês Jacques Lacan fez inúmeras contribuições. E quanto à análise? A análise de si também pode ser dita como um movimento de vir-a-ser (não simplesmente autoconhecimento), um trabalho de desconstrução/construção e atravessamento. Algumas vezes nos sentimos desamparados e/ou somos assaltados por uma angústia insistente. Outras nos sentimos desprezíveis ou temos reações que nos surpreendem. Sentimos, cada um a seu modo. Cada qual apresenta suas dores psíquicas e peleja com isso, com seu questionamento e sua verdade. Mas, o que há para além do sintoma manifesto e da repetição? Que tipo de laço pode nos ajudar com isso? Entre o analista e o analisante, há o valor de um novo tipo laço social, a partir do qual se gesta e se ampara a conversão para uma experiência original e que tem implicação com as origens. Hoje (cada qual a seu tempo), podemos lidar com as trevas do nosso presente e não cessar de interpretar e se haver com a luz que aí se dirige, singularmente, a cada um de nós que nos engajamos na análise pessoal. Por que não apostar nisso?
Francisco Lemes (Licenciado Pleno em Filosofia, pelo Mackenzie. Pós-graduado em Psicanálise: Teoria e Técnica, pela UNIVAP. Em andamento na Formação Clínica do CLIN-a - Centro Lacaniano de Investigação da Ansiedade, este associado ao Instituto do Campo Freudiano de São Paulo).