Cabanha Sepé Tiarajú

Cabanha Sepé  Tiarajú Criação de Cavalos Crioulos.

30/05/2024

💥 1️⃣0️⃣0️⃣ anos de Jayme Caetano Braun!!

No dia 30 de janeiro de 1924, no lugar denominado Timbaúva, quando Bossoroca ainda era distrito de São Luiz Gonzaga, nascia o pajador, poeta e radialista, Jaime Guilherme Caetano Braun.
Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.
Jaime sonhava em ser médico mas, tendo apenas o Ensino Médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curandor".
Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, onde viveria até os 19 anos.
Na capital do Planalto Médio, Jaime completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu ao Exercito Brasileiro.
Jaime foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniu no final dos anos 50, na capital gaúcha.
Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A noticia (de São Luiz Gonzaga).
Passa dirigir em 1948 o programa radiofônico Galpão de Estância, em São Luiz Gonzaga e em 1973 passa a participar do programa semanal Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba.
Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jaime.
Como funcionário público trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado e ainda foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, aposentando-se em 1969.
Na farmácia do IPASE era reconhecido pelo grande conhecimento que tinha dos remédios.
Em 1945 começa a atuar na política, participando em palanques de comício como payador.
O poema O Petiço de São Borja, publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas.
Participa das campanhas de Ruy Ramos, com o poema O Mouro do Alegrete, como era conhecido o político e parente de Jaime.
Foi Ruy Ramos, também ligado ao tradicionalismo, que lançou Jaime Caetano Braun como payador, no 1º Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, realizado em Santa Maria no ano de 1954.
Anos mais tarde participaria das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egidio Michaelsen e em 1962 concorreria a uma vaga na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul pelo PTB, ficando como suplente.
Casou duas vezes, em 1947 com Nilda Jardim, e em 1988 com Aurora de Souza Ramos.
Teve três filhos, Marco Antônio e José Raimundo do primeiro casamento, e Cristiano do segundo.
Veio a falecer de parada cardíaca em 8 de julho de 1999, por volta das 6h, em Porto Alegre.
Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-riograndense, e enterrado no cemitério João XXIII, na capital do estado.
Para o dia seguinte estava programado o lançamento de seu último disco Exitos 1.
Sua obra literária é composta de diversos livros de poesias, como Galpão de Estância (1954),
De fogão em fogão (1958), Potreiro de Guaxos (1965), Bota de Garrão (1966), Brasil Grande do Sul (1966), Passagens Perdidas (1966) e Pendão Farrapo (1978), alusivo à Revolução Farroupilha.
Em 1990 lança Payador e Troveiro, e seis anos depois a antologia poética 50 Anos de Poesia, sua ultima obra escrita.
Publicou ainda um dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas, lançado em 1987.
Sua poesia era vocativa, altissonante, com forte tônus épico. Falava, eloqüênte, com o tema da poesia: "Oh, tu..." e aí era o cordeiro guaxo, o tirador, Sepé Tiarayu, o negro Anastácio.
Sempre assim. Nunca mudou e nunca cansou. Todos os segredos de Jayme Caetano Braun podem se resumir num só: talento.
Ele tinha talento demais.
E por isso não deixa seguidores, nem discípulos.
Deixa, quando muito, imitadores, de quem tinha nos versos, o cheiro da tapera, do rancho de pau a pique, do zaino, do guamirim, do quero-quero, do camoatim, dos versos que endeusavam o xiru, o negro, personagens pampianas que se misturavam aos apetrechos que impunha a solidão, aporreada somente pelas pausas semanais da cana, do fandango, da rinha, das carreiras, do namoro com a china, do esparramo das rixas de facão e revólveres, tão bem narrados nos versos encantados deste ícone da poesia xucra.
Foi-se o Chimango de bico adunco e garras de aço. Foi-se o terno cantador dos guaxos sem sorte, dos párias do campo. Foi-se o cantor, não a canção.
Angoéra missioneiro, ficará por aí, no bojo das violas, no fole das gaitas, na garganta dos sabiás e das calhandras.
E se alguém estranhar um santo novo talhado a facão no cedro missioneiro, de topete erguido e perfil de aguilucho que pode aparecer por aí, me avisem, me mandem mensagens, gritem nas vozes do vento: Jayme Caetano Braun se entronizou para sempre no céu do pago.
Foto:
Acervo Familiar de Ricardo Comasseto.
💥 Conheça:
🧉Marcos do Pampa no Instagram 👇
https://instagram.com/realmarcosdopampa?igshid=94h05jxpahxl

14/04/2024

Bochincho
Jayme Caetano Braun

A um bochincho, certa feita
Eu fui chegando de curioso
Que o vício é que nem sarnoso
Nunca para, nem se ajeita
Baile de gente direita

Eu vi de pronto que não era
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirera!

Atei meu baio longito
Num galho de guamirim
Desde guri eu fui assim
Não brinco nem facilito
Em bruxas não acredito

¡Pero que las hay, las hay!
Eu sou da costa do Uruguai
Meu velho pago querido
E, por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai

No rancho de santa-fé
De pau-a-pique, barreado
Num trancão de convidado
Eu me entreverei no banzé
O chinaredo a bolapé

No ambiente fumacento
Um candeeiro, bem no centro
Num lusco-fusco de aurora
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro

Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça
¡Óigale!, China lindaça!

Morena de toda a clina
Dessas da venta brasina
Com cheiro de lixiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina

Misto de diaba e de santa
E com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta
E eu me grudei na percanta

O mesmo que um carrapato!
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato

A gaita velha gemia
Às vezes quase parava
De repente se acordava
E num vanerão se perdia!
E eu contra a pele macia

Daquele corpo moreno
Sentia o mundo pequeno
Bombeando, cheio de enlevo
Dois olhos, flores de trevo
Com respingos de sereno

Mas o que é bom se termina
Cumpriu-se um velho ditado
Eu, que dançava embalado
Nos braços doces da China
Escutei de relancina

Uma espécie de relincho
Era o dono do bochincho
Meio oitavado num canto
Que me olhava com espanto
Mais sério do que um capincho

Foi ele que se veio
Pois, se era dele a pinguancha
Bufando e abrindo cancha
Como dono do rodeio
Quis me partir pelo meio

Co'um talonaço de adaga
Que se me pega, me estraga!
Chegou a levantar um cisco!
Mas não é à toa, chomisco
Que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na curva do braço
Eu consegui tirar o talho
Mas quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço
Mas senti o calor do aço

E o calor do aço arde!
Me levantei sem alarde
Por causa do desaforo
E soltei meu marca-touro
Num medonho
Buenas tardes

Eu tenho visto cosa feia
Tenho visto judiaria
Mas hoje ainda me arrepia
Lembrando aquela peleia
Talvez quem ouça não creia

Mas vi nascer, no pescoço
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!

O índio era um índio touro
Mas até touro se ajoelha!
Cortado do beiço à orelha
Amontoou-se como um couro
E, amigos, foi um estouro

Daqueles que dava medo!
Espantou-se o chinaredo
E aquilo foi uma zoada!
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo

Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho quando estoura
Tinidos de adaga, espora
E gritos de desacato
Berros de quarenta-e-quatro

De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!

É China que se escabela
Redemoinhando na porta
E xiru-da-guampa-torta
Que vem, direito, à janela
Num grito de toda goela

Num berreiro alucinante
O índio que não se garante
Vendo sangue, se apavora
E se manda campo fora
Levando tudo por diante!

Eu sou crente na divindade
Morro quando o Deus quiser
Mas, amigos, se eu disser
Até periga verdade
Naquela barbaridade

De chinaredo fugindo
De grito e bala zunindo
O gaiteiro alheio a tudo
Tocava um xotes clinudo
Já quase meio dormindo!

E a coisa ia indo assim
Balanceei a situação
Já quase sem munição
E todos atirando em mim
Qual ia ser o meu fim?

Eu me dei conta de repente
Eu não vou ficar pra semente
Mas gosto de andar no mundo!
Me esperavam na dos fundo
Eu saí na porta da frente

E, dali, eu ganhei o mato
Abaixo de tiroteio
Ainda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato

Eu me bandeei pra o outro lado
Cruzei o Uruguai a nado
Que o meu baio era um capincho
E a história deste bochincho
Faz parte do meu passado

E a China?

Essa pergunta me é feita
Em cada vez que eu declamo
É uma cosa que eu reclamo
E acho que é até uma desfeita
Acho que não é direita

E até entender nem consigo
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da China
E ninguém se importa comigo!

E a China, eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo
Somente em sonhos a vejo
Num bárbaro frenesi
Talvez ande por aí

No rodeio das alçadas
Ou talvez, nas madrugadas
Seja uma estrela xirua
Dessas que se banha nua
No espelho das aguadas

Compositores: Jayme Caetano Braun / Edson De Oliveira Souza
📷 Vasco Machado
💥 Conheça:
🧉Marcos do Pampa no Instagram 👇
https://instagram.com/realmarcosdopampa?igshid=94h05jxpahxl

SJHerdeiro , esta se aprontando.
07/03/2024

SJHerdeiro , esta se aprontando.

30/10/2023

Começaram a despejar a potrancada.

13/09/2023

Perfect shoot ❤️🐴❤️

📷 Tony Mendes Photography

02/09/2023

FREIO DE OURO 2023
COMEMORAÇÕES
Alguns momentos das mangueiras do Freio 2023!
Proibida a reprodução ou utilização das fotos sem o contato prévio.
 

No agro a criançada tem de aprender desde cedo... faltou só colocar o cinto e pegar a chave.
03/07/2023

No agro a criançada tem de aprender desde cedo... faltou só colocar o cinto e pegar a chave.

03/07/2023
SJ Granada, mais uma para formação de sangue funcional.
03/07/2023

SJ Granada, mais uma para formação de sangue funcional.

SJ Guardiã... já se encontra na Cabanha.
03/07/2023

SJ Guardiã... já se encontra na Cabanha.

Endereço

Rua João Batista Scholl,447
São Lourenço Do Sul, RS
96.170-000

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Cabanha Sepé Tiarajú posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Entre Em Contato Com A Prática

Envie uma mensagem para Cabanha Sepé Tiarajú:

Compartilhar

Share on Facebook Share on Twitter Share on LinkedIn
Share on Pinterest Share on Reddit Share via Email
Share on WhatsApp Share on Instagram Share on Telegram